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domingo, 26 de julho de 2009

Comer de tudo!

Alice sempre comeu bem. Na maternidade já agarrou no meu peito e mamou por quase 45 minutos, sem parar. Meu peito sempre encheu muito e ela nunca teve dificuldade de dar conta de todo o leite que eu produzia. Quando introduzi os alimentos sólidos, ela aceitou tudo com muita facilidade. Comia quaquer legume que eu colocasse na papinha e mandava pratinhos enormes seguidos de sessões de 30 minutos de peito.
Aos 9 meses, ainda sem nenhum dente na boca, decidiu que bastava de papinha e começou a só comer se a comida tivesse pedaços. Como um avestruz, botava para dentro da carne ao jiló.
Com um ano batia pratinhos de operário com prazer. E continua assim. Tem suas fases, como toda criança. Passou pela fase de não comer se não tivesse cenoura no prato. Agora está na fase do tomate!
Foi desmamada aos 18 meses e substituiu o peito com belíssimas mamadeiras 3 vezes por dia, as vezes até 4.
Como comer nunca foi um problema com ela, eu nunca me preocupei muito com o assunto. Desde que o ritual de alimentação seja cumprido e que sempre coma legumes, carne e carboidratos de forma equilibrada, deixo ela a vontade para escolher a sobremesa.
Permito que ela coma doces sem problema, permito que coma danoninho, tome leite fermentado, e, permito até um pirulito e um M&M's aqui e ali...
Quase todas minhas amigas-mãe são iguais, e isso me tranquiliza já que não tenho que ficar ouvindo palestras e mais palestras maternas sobre a alimentação da minha filha.
Só que, como frequento muitos lugares de lazer infantis, acabo conhecendo muitas mães no meu dia dia. E foi num desses encontros que conheci a neurose alimentar materna!
Como de costume foi ao Baixo Bebê de manhã. Era verão, o calor estava intenso, mas o sol nem tanto. Chego lá e coloco Alice, então com seus 13 meses, na areia. Ela imediatamente engatinha para um "amiguinho". Quando olho, vejo um menino, pouco maior que ela, vestido com uma camisa de manga longa, calças longas, um chapéu de fazer inveja a exploradores do deserto, com uma aba que ultrapassava uns 40cm de largura. Muito franzino e mais branco do que leite. Me impressionou aquela imagem e logo pensei que devia ter alguma condição de saúde que exigisse aquilo tudo.
Logo chega a mãe, uma mulher de seus 30 e poucos anos, igualmente coberta. Já abre a sua bolsa e pega o protetor solar 60+ e espalha na cara do menino que agora mais parecia o fantasma da ópera. Ela senta ao meu lado e comenta: "linda sua filha... mas você deveria protegê-la mais desse mormaço violento."
Olho para Alice, sentadinha na areia, como sempre jogando areia para todos os lados e, nesses movimentos, espalhando areia por todo o rosto. Agradeço e continuo sentada pensando qual doença teria esse pobre menino.
Nisso Alice pega um punhado de areia e o arremessa no ar. Com as mãos cheias de areia, decide limpar o rosto e acaba colocando areia na boca. Eu, rapidamente a judo, limpando o rosto e passando uma fraldinha limpa na sua língua.
"Meu deus! Você deixa ela comer areia?" exclama a tal mulher.
"Olha, não é um dos itens do cardápio dela não, mas, na praia, é inevitável que ela acabe com um pouco de areia na boca... Eu limpo e pronto. É bom porque assim ela fica com o bumbum lisinho, o cocô fica esfoliante," respondo com um ar meio jocoso.
Ela não gostou muito da brincadeira, mas também não pareceu se incomodar. Sentou ali, coberta como uma Talibã, sem demonstrar grande reação. Nisso ela pega um potinho com biscoitos de polvilho, os fvoritos da Alice. Alice, prontamente engatinha até ela e exclama: "Té!". Ela ri, olha para mim e pergunta se pode dar. Eu digo que sim.
"Olha, não se preocupe, fui eu quem fiz, são muito saudáveis!" Ela diz, com um ar orgulhoso.
"Como assim, fez? Você sabe fazer biscoito de polvilho? Não dá um trabalho do cão não?" Eu pergunto.
"Demora sim... mas é que meu filho não pode comer o industrializado."
"Não? O que ele tem? Alergia?"
"Não, eu optei por uma alimentação saudável... ele só come orgânicos, e não permito nem farinha de trigo, nem açúcar, nem carnes. Só permito que coma grão integrais, frutas e legumes, e se forem orgânicos." diz ela.
"Mas, como você faz esse biscoito? Ele não leva óleo?"
"Leva, uso óleo de canola..."
"CANOLA???" Não consegui disfarçar minha surpresa, "Mas, de todos os óleos que existem, o de soja e o de canola são os piores... eu, que deixo minha filha comer de tudo, nunca compro óleo de canola! Até porque o cheiro do óleo de canola me enjoa!"
"Jura??? Meu Deus... vou ter que pesquisar... vou ter que achar uma alternativa! Eu não tinha pensado no óleo!" Ela reagiu, quase que desesperada, já tirando o biscoito das mãos do pequeno fantasminha.
Logo pensei que eu tinha feito uma grande besteira. Essa moça agora ia proibir o filho de comer óleos... Santo Deus, pobre criança!
"Olha... acho que é só meu gosto pessoal... não preocupa não." Eu falei, tentando emendar o que eu tinha dito. "Mas, esse calor tá forte né?" falei, tentando mudar de assunto.
"Pois é... por isso cobri meu filho assim... imagina só se ele pega esse mormaço. Comprei roupas com filtro UV para ele e coloco muito protetor solar. Morro de medo desse sol na pele dele." Ela explicou, quase que justificando a estranha roupa que ele vestia.
Nisso eu percebi que a coisa só iria de mal a pior... especialmente na hora que a Alice resolvesse me pedir o pão de queijo que eu tinha na bolsa! A pobre moça infartaria na certa. Decidi que era hora de buscar novos vizinhos de brinquedo e fui embora.
Mas nunca consegui apagar a imagem daquele fiapo de menino, coberto até o último fio de cabelo, proibido de comer tudo o que pode ter sabor!
Prefiro minha alimentação duvidosa. Prefiro que minha filha continue conhecendo sabores variados e desenvolvendo seu pequeno paladar de forma equilibrada e sem neuroses!
 

3 comentários:

  1. Adorei o seu blog!!! Tem muita mãe neurótica solta por aí. Alimentação, amamentação, parto e outras tantas coisas que dá até canseira. Só fico com pena mesmo dos filhotes que são vítimas total de pessoas doentes. A minha Alice adpra pastel de feira com caldo de cana e tem 2 anos e 7 meses.

    Bjsssssssss

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  2. Lembrou muito aquela propaganda do menino que diz q vai sair e a mãe dele enrola ele todo numa espécie de colchão... rsrsrsrsrs... Neura é neura, minha cara! E amor é amor de qualquer jeito. São apenas questões de valores pessoais. Eu? Só faço rir e me deliciar com essas diferenças no modo de criação de cada um. O certo nunca vai existir. O que importa é o amor. No final, é isso que vai ficar marcado nos corações desses pequeninos(as)... Relaxa!

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  3. Mari, alimentação duvidosa é a da Ana Clara! hahahaha
    Bem, tu sabes que eu não tenho nenhum problema em dar "porcarias" para a Ana Clara comer (tu deves lembrar bem do episódio do fandangos na mão da Alice, hehehe). Mc ela comeu a primeira vez (mordidinhas minusculas, obviamente) aos 5 meses de vida...
    Não sou encanada messsmo.
    Mas com sol, ai ai ai, não posso atirar a primeira pedra...
    Tá certo que jamais colocaria uma roupa com proteção UV nela, aliás, nem sabia que isso existia! Mas filtro solar por aqui é regra! Roupas compridinhas, chapéu e guarda-sol pra ir a praia tb.
    Pra falar bem a verdade, nunca dei nem os tais "banhos de sol" que "precisam" ser dados em bebes...
    Alguém me interna?

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