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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

"Emilices" de Alice

"Mãe, eu sei quase todas as músicas da Galinha Pintadinha de cor! O Lucas não, ele é muito novo, não tem cor ainda!"

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Construindo conceitos: pobreza

Estávamos no sinal quando um rapaz deixou um saco de balas no nosso retrovisor.
"Mãe, porque ele botou essa bala no nosso carro?"
"Pra ver se a gente quer comprar."
"Uai, porque ele vende bala na rua?"
"Deve ser pra pagar a comida dele."
"Ele é pobre?"
"É, sim, filha."
"Mas... ele tem roupa!"
"Ué, pobre tem roupa, filha..."
"Mas, não era pra ser rasgadinha?"
"Não, filha... ele trabalha para comprar roupas que não sejam rasgadinhas. Ou, talvez, ele tenha ganho de alguém."
"Tem uns pobres que ficam com roupa rasgadinha, sentados, com um chapéu do lado deles, para as pessoas jogarem moedinhas, né?"
"Tem sim, filha, são mendigos. Eles pedem esmola."
"E porque eles fazem isso?"
"Porque não tiveram chance de estudar para aprender a fazer outra coisa. Ou até porque não conseguiram um emprego."
"Uai, eles podiam PELO MENOS vender bala no sinal, né?"

Lógica irrefutável!

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Ambições Políticas

A conversa começou com perguntas sobre o que uma pessoa adulta podia fazer que uma criança não podia. Entre elas, mencionei que a pessoa adulta podia votar.
"Votar? O que é isso, mãe?"
"É quando as pessoas vão e dizem quem elas querem para ser presidente do nosso país, governador do nosso estado, prefeito da nossa cidade, e assim por diante..."
"E, pra que querem um presidente?"
"Ahh, pra tomar decisões importantes sobre como vão ser as coisas no nosso país."
"Tipo, que decisões?"
"Filha, as leis, por exemplo, são criadas por essas pessoas que elegemos."
"Mas, já tem lei demais!"
"É, concordo, então, quando tem lei demais, são essas pessoas que tiram algumas dessas leis."
"E o que mais o presidente faz?"
"O presidente conversa com os presidentes dos outros países para que os países fiquem sempre amigos e não briguem."
"Países brigam?"
"Brigam, isso é que chama guerra. Os presidentes conversam muito para evitar essas guerras."
"E, porque tem que votar neles?"
"Porque diferente dos reis, eles são escolhidos pelas pessoas. Os reis já nascem reis, né?"
"Não... nascem príncipes, depois é que viram reis!"
"Isso, tem razão... mas quando nascem, já sabem que um dia serão reis. As pessoas não escolhem eles. Os presidentes, nós escolhemos a cada 4 ou 5 anos."
"Não seria mais fácil escolher uma pessoa e deixar ela ser presidente até ela morrer?"
"Seria... mas aí, se ela não fosse um bom presidente, a gente teria que aguentar ela até ela morrer? Melhor assim, né? Se achamos que a pessoa é ruim, temos a chance de escolher uma melhor..."
"É, talvez..."
Pausa. Pensa. Pensa. Pensa.
"Mãe, eu não quero ser presidente não! DEUS ME LIVRE!"
"Porque, filha? Eu acho que você seria uma boa presidente."
"Ahhh, mãe, aí eu ia ter que ir embora e não ia poder ver meus filhinhos?"
"Não, filha, presidente é como um emprego. No final do dia a pessoa vai pra casa e fica com a família."
"Mesmo assim, não quero não, dá MUITO trabalho cuidar de um país inteiro. Não quero não, tá?"
"Tá bom, filha, não precisa ser presidente não!"

E assim morreu o meu sonho de ser mãe da Presidente da República!

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Sobre a morte (no caso, a minha)

"Mãe, como é um cemitério?"
Essa foi a pergunta desafio do dia que a Alice me presenteou.
"É um lugar cheio de construções de cimento que cobrem uns buracos onde colocam as pessoas que morreram." Respondi, com um pouco de medo de onde essa conversa iria parar.
"Mas, jogam as pessoas nesses buracos?"
"Não, colocam elas em caixões, que são caixas grandes para caber as pessoas. E esses caixões ficam enterrados nesses buracos."
"Deve ser ruim, né?"
"Não, filha, a pessoa está morta, ela não sente mais nada..."
Ela pausou por uns minutos, como que tentando entender o que queria dizer aquilo.
"E não tem outro jeito de enterrar as pessoas não?"
Percebi que ela estava incomodada com a ideia de ficar presa dentro de uma caixa num buraco.
"Tem, filha, as pessoas podem ser cremadas. Isso quer dizer que colocam o corpo da pessoa dentro de um forno especial que a transforma em pozinho. E esse pozinho pode ser jogado debaixo de uma árvore para ela crescer melhor, ou no mar, ou mesmo no céu..."
"Você conhece alguém que foi cremado?"
"Conheço sim, filha, a prima da mamãe. Aí jogamos o pozinho dela no mar."
"NO MAR? Naquele da frente da casa da vovó?"
"É, e o legal disso é que sempre que sinto saudade dela, vou no mar e posso me sentir mais pertinho dela!"
Nova pausa. Novo ar pensativo. E, finalmente, a chave de ouro.
"Mãe, quando você morrer eu vou te cremar, e jogar o teu pozinho debaixo de uma árvore. Assim, quando eu sentir saudade de você, posso comer uma fruta dessa árvore e sentir você dentro de mim!"

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Injustiças

Alice assistia Peter Pan pela milhonésima vez. Eu, do lado dela, lia alguma coisa.
A cena que passava tinha o Sr. Smith (Ajudante de ordens do Cap. Gancho) sendo tripudiado pela tripulação do navio do Cap. Gancho.
Ela interrompe minha leitura, indignada e diz: "Mãe, vê se isso é certo? Estão implicando e maltratando o Sr. Smith! Logo ele que faz tudo para eles, que só ajuda! Isso não é certo!"
Depois volta a ver o filme, seríssima.
E eu, lógico, segurando para não rir, abraçar, beijar, gargalhar!

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A primeira malandragem a gente nunca esquece

Lucas acordou e pulou da cama. Sentou-se no canto do quarto, e começou a brincar. Alice desceu da cama dela e deitou-se na dele, onde ficou preguiçando ao meu lado. Ouvimos um sonoro pum vindo do canto do quarto. Olhamos para o Lucas. Ele, rapidamente, sinaliza, com a mão abanando na frente da cara, que tem um cheiro ruim e emite o famoso: "mmmmmm", depois, com um sorrisinho para lá de maroto, me olha, aponta para a Alice e diz: "Alice!"
E desata a gargalhar.
Se é assim aos 18 meses, imagina na Copa?