Hoje, no clube, Alice e o irmão ficaram observando os sprinklers molhando a grama. Formavam lindos arco-iris pertinho de nós. Eu, prontamente, apontei para os jardineiros e falei: "Olha, eles devem ser fadas, eles sabem fabricar arco-íris!"
Alice, num tom absolutamente blasé, me responde que arco-íris não são feitos por fadas, que eles são apenas gotinhas de água que se espalham e fazem o sol colorir o ar (coisas de guria viciada em Beakman's World).
Mais tarde, de noite, conversando com o pai e mostrando as fotos que tiramos dos arco-iris do clube, eu digo que deve ser legal fabricar arco-íris, porque, assim, podemos ir até o final deles facilmente, e ficar ricos pegando potes de ouro. Ela, rindo, me diz que isso é apenas um mito.
"Mas, filha, e as fadas, afinal, são mitos ou existem de verdade?"
"Mitos, né, mãe!"
A exclamação veio seguida de um grito de surpresa, uma mão levada à boca, como quem tenta engolir de volta o que disse, e um comentário cheio de riso, olhando para cima, como quem fala com alguma coisa no ar:
"Quer dizer, tem uma que existe sim, a do dente... ela existe, ela existe..." e, num tom mais baixo, olhando para mim, com uma das caras mais malandras que já vi na minha vida, ela continuou "Droga, será que agora ela não vai mais me trazer o meu dinheiro?"
E, assim, senhoras e senhores, descubro que Alice não acredita em fada de dente nenhuma, quer apenas capitalizar sobre seus lindos dentinhos de leite!
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quarta-feira, 14 de maio de 2014
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
Construindo conceitos: pobreza
Estávamos no sinal quando um rapaz deixou um saco de balas no nosso retrovisor.
"Mãe, porque ele botou essa bala no nosso carro?"
"Pra ver se a gente quer comprar."
"Uai, porque ele vende bala na rua?"
"Deve ser pra pagar a comida dele."
"Ele é pobre?"
"É, sim, filha."
"Mas... ele tem roupa!"
"Ué, pobre tem roupa, filha..."
"Mas, não era pra ser rasgadinha?"
"Não, filha... ele trabalha para comprar roupas que não sejam rasgadinhas. Ou, talvez, ele tenha ganho de alguém."
"Tem uns pobres que ficam com roupa rasgadinha, sentados, com um chapéu do lado deles, para as pessoas jogarem moedinhas, né?"
"Tem sim, filha, são mendigos. Eles pedem esmola."
"E porque eles fazem isso?"
"Porque não tiveram chance de estudar para aprender a fazer outra coisa. Ou até porque não conseguiram um emprego."
"Uai, eles podiam PELO MENOS vender bala no sinal, né?"
Lógica irrefutável!
"Mãe, porque ele botou essa bala no nosso carro?"
"Pra ver se a gente quer comprar."
"Uai, porque ele vende bala na rua?"
"Deve ser pra pagar a comida dele."
"Ele é pobre?"
"É, sim, filha."
"Mas... ele tem roupa!"
"Ué, pobre tem roupa, filha..."
"Mas, não era pra ser rasgadinha?"
"Não, filha... ele trabalha para comprar roupas que não sejam rasgadinhas. Ou, talvez, ele tenha ganho de alguém."
"Tem uns pobres que ficam com roupa rasgadinha, sentados, com um chapéu do lado deles, para as pessoas jogarem moedinhas, né?"
"Tem sim, filha, são mendigos. Eles pedem esmola."
"E porque eles fazem isso?"
"Porque não tiveram chance de estudar para aprender a fazer outra coisa. Ou até porque não conseguiram um emprego."
"Uai, eles podiam PELO MENOS vender bala no sinal, né?"
Lógica irrefutável!
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Ambições Políticas
A conversa começou com perguntas sobre o que uma pessoa adulta podia fazer que uma criança não podia. Entre elas, mencionei que a pessoa adulta podia votar.
"Votar? O que é isso, mãe?"
"É quando as pessoas vão e dizem quem elas querem para ser presidente do nosso país, governador do nosso estado, prefeito da nossa cidade, e assim por diante..."
"E, pra que querem um presidente?"
"Ahh, pra tomar decisões importantes sobre como vão ser as coisas no nosso país."
"Tipo, que decisões?"
"Filha, as leis, por exemplo, são criadas por essas pessoas que elegemos."
"Mas, já tem lei demais!"
"É, concordo, então, quando tem lei demais, são essas pessoas que tiram algumas dessas leis."
"E o que mais o presidente faz?"
"O presidente conversa com os presidentes dos outros países para que os países fiquem sempre amigos e não briguem."
"Países brigam?"
"Brigam, isso é que chama guerra. Os presidentes conversam muito para evitar essas guerras."
"E, porque tem que votar neles?"
"Porque diferente dos reis, eles são escolhidos pelas pessoas. Os reis já nascem reis, né?"
"Não... nascem príncipes, depois é que viram reis!"
"Isso, tem razão... mas quando nascem, já sabem que um dia serão reis. As pessoas não escolhem eles. Os presidentes, nós escolhemos a cada 4 ou 5 anos."
"Não seria mais fácil escolher uma pessoa e deixar ela ser presidente até ela morrer?"
"Seria... mas aí, se ela não fosse um bom presidente, a gente teria que aguentar ela até ela morrer? Melhor assim, né? Se achamos que a pessoa é ruim, temos a chance de escolher uma melhor..."
"É, talvez..."
Pausa. Pensa. Pensa. Pensa.
"Mãe, eu não quero ser presidente não! DEUS ME LIVRE!"
"Porque, filha? Eu acho que você seria uma boa presidente."
"Ahhh, mãe, aí eu ia ter que ir embora e não ia poder ver meus filhinhos?"
"Não, filha, presidente é como um emprego. No final do dia a pessoa vai pra casa e fica com a família."
"Mesmo assim, não quero não, dá MUITO trabalho cuidar de um país inteiro. Não quero não, tá?"
"Tá bom, filha, não precisa ser presidente não!"
E assim morreu o meu sonho de ser mãe da Presidente da República!
"Votar? O que é isso, mãe?"
"É quando as pessoas vão e dizem quem elas querem para ser presidente do nosso país, governador do nosso estado, prefeito da nossa cidade, e assim por diante..."
"E, pra que querem um presidente?"
"Ahh, pra tomar decisões importantes sobre como vão ser as coisas no nosso país."
"Tipo, que decisões?"
"Filha, as leis, por exemplo, são criadas por essas pessoas que elegemos."
"Mas, já tem lei demais!"
"É, concordo, então, quando tem lei demais, são essas pessoas que tiram algumas dessas leis."
"E o que mais o presidente faz?"
"O presidente conversa com os presidentes dos outros países para que os países fiquem sempre amigos e não briguem."
"Países brigam?"
"Brigam, isso é que chama guerra. Os presidentes conversam muito para evitar essas guerras."
"E, porque tem que votar neles?"
"Porque diferente dos reis, eles são escolhidos pelas pessoas. Os reis já nascem reis, né?"
"Não... nascem príncipes, depois é que viram reis!"
"Isso, tem razão... mas quando nascem, já sabem que um dia serão reis. As pessoas não escolhem eles. Os presidentes, nós escolhemos a cada 4 ou 5 anos."
"Não seria mais fácil escolher uma pessoa e deixar ela ser presidente até ela morrer?"
"Seria... mas aí, se ela não fosse um bom presidente, a gente teria que aguentar ela até ela morrer? Melhor assim, né? Se achamos que a pessoa é ruim, temos a chance de escolher uma melhor..."
"É, talvez..."
Pausa. Pensa. Pensa. Pensa.
"Mãe, eu não quero ser presidente não! DEUS ME LIVRE!"
"Porque, filha? Eu acho que você seria uma boa presidente."
"Ahhh, mãe, aí eu ia ter que ir embora e não ia poder ver meus filhinhos?"
"Não, filha, presidente é como um emprego. No final do dia a pessoa vai pra casa e fica com a família."
"Mesmo assim, não quero não, dá MUITO trabalho cuidar de um país inteiro. Não quero não, tá?"
"Tá bom, filha, não precisa ser presidente não!"
E assim morreu o meu sonho de ser mãe da Presidente da República!
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