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segunda-feira, 30 de maio de 2011

O futebol, o fim da civilidade e as crianças

Dia de jogo é um inferno aqui em casa. Aliás, em quase todas as casas cariocas. Parece que quando o time entra em campo, a educação do povo sai pela janela! É um tal de gritos, uivos e fogos a cada erro, acerto, quase gol, gol. E quando é do time do torcedores dos arredores (no meu caso, moro numa área onde o Flamengo parece predominar), o barulho é grande, mas pelo menos são menos palavrões. Agora, quando o time que fez o gol é o outro (qualquer um, escolhe aí o que quiser...) a porca torce o rabo.
Um vizinho do prédio ao lado, que é flamenguista doente, perde totalmente a compostura nos momentos que acha que não são favoráveis ao seu time. Grita impropriedades aos berros na janela. Xinga jogadores, oponentes, juizes, bandeirinhas e qualquer pessoa envolvida no evento. Imagino que não tenha filhos, ou, se os tem, imagino que participem dessa baderna, repetindo as lindas palavras que ele profere para o grande público carioca.E tem gente que ainda encoraja os filhos a torcerem repetindo esses palavrões. Nunca paro de me surpreender com crianças pequenas gritando horrores na frente da TV enquanto assistem a jogos de futebol!
O fato é que hoje Alice entrou no carro, quando fui buscá-la na escola, e perguntou: "Mãe, onde é a casa do caiaio?"
Entre o surpresa e o assustada, já que mesmo não tendo a boca mais limpa do mundo, me policio muito perto dela e não gosto dessa palavra em especial, portanto, não a uso nunca, perguntei, meio que não dando bola, mas também querendo saber onde ela teria escutado isso: "Não sei o que é isso, filha... de onde você tirou isso?"
"Eu inventei, mãe, tiei da minha cabeça!" respondeu.
E aí pinta a dúvida, sigo ou mudo de assunto?
Deixei cair o assunto e fomos para casa. Mais tarde ela repetiu a pergunta e eu perguntei onde tinha escutado isso. Ela se limitou a dizer que foi o moço na rua. Mas, tenho quase certeza que essa palavra foi aprendida pela janela de casa em dia de jogo.
Aí me perguntam porque eu não gosto de futebol da forma que ele é encarado no Rio de Janeiro... tá aí a resposta...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O primeiro exame de sangue

Tem quatro dias que Alice está com febre alta. Nenhum sintoma, nenhum espirro, nenhum nariz entupido, nada. Febre e só. Com isso hoje decidimos investigar mais a fundo e fazer um exame de urina e sangue. Urina sempre é bem simples. Brincadeira de pipi no potinho e ela se amarrou. Mas eu temia pelo exame de sangue.
Alice já tinha tomado vacinas. Sempre deu aquela chorada básica. E depois chorava um pouco mais, alguma horas mais tarde. Quando lembrava da vacina. Mas no todo até que se comporta.
Mas, exame de sangue é sempre mais delicado, né? A criança está doente, mais sensível, irritável. Além disso, não é uma espetada básica, é uma espetada longa e chata. Ainda mais com crianças que não tem como tirar no vácuo, que sempre dói menos. É na seringa mesmo.
Conversei com ela e expliquei que teria que ser corajosa porque ia doer um pouquinho, mas que logo passaria. Disse a ela que podia chorar se achasse que estivesse doendo, e que se quisesse poderia apertar o meu dedo para dividir a dor comigo. Aguardamos o momento de entrar. Eu, já sofrendo com a simples idéia de ver minha pequena sendo furada, imaginando gritos, choro intenso. Ela, saltitante, perguntando, a cada 10 minutos, se já era hora de "tiá o sangue po exame".
Quando nos chamaram, ela entrou sorridente e dizendo que estava "ponta paia tiá sangue". Deitou-se na maca e a enfermeira falou que ia colocar uma pulseira bem apertada que ia doer um pouquinho. Ela deixou, com tranquilidade. A enfermeira pediu que eu firmasse o bracinho, com o corpo apoiado sobre o dela, para garantir que ela não sairia da posição. Outra enfermeira segurou as perninhas. Parecia cena de Silêncio dos Inocentes versão infantil. Minha mãe, que me acompanhou, segurou na outra mãozinha, para ela poder apertar na hora de "dividir" a dor. Alice, tranquilamente, observava tudo que a enfermeira fazia, calmíssima, para minha surpresa.
E então chegou o momento. A espetada. Eu pronta para ter que segurar e acalmar minha pequena. E veio a espetada, depois puxaram o sangue. Ela, o tempo todo, quietinha e tranquila. Terminou o procedimento e veio uma chuva de elogios das enfermeiras, da avó e de mim. E ela me olhou, com um sorrisinho lindo e orgulhoso e falou: "Mãe, você falou que ia doer e doeu, só um pouquinho aí acabou!"
E eu, babando de orgulho da minha pequena menininha corajosa, saí dali com a certeza de que nessas horas, a sinceridade é fundamental. Parte do não doer foi por conta dela saber o que esperar.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Experiências "obrigatórias" para crianças

Eu levei muito tempo para conseguir entrar numa piscina sem tampar o nariz para afundar. Também não sei em que momento tirei as rodinhas da minha bicicleta, só sei que nunca consegui virar uma grande ciclista, ando de bicicleta direitinho, mas não ouso muito não. Fiz balé, fiz jazz, fiz ginástica olímpica, aprendi algumas coisas de Ginástica Rítmica. Estudei Inglês e Francês. Nunca aprendi um instrumento musical, sempre me achei um tanto incapaz nesse setor, aliás. Nunca fiz uma aulinha de artes plásticas, nem tampouco de teatro. Lembro que rolava uma "modinha" de fazer impostação de voz... eu sempre me achei uma gralha, portanto, nunca cheguei perto de algo do gênero.
De algumas experiências eu sinto falta, de outras, nem tanto. Mas, tem algumas coisas que eu me arrependo de não ter insistido mais com meus pais, como a música, por exemplo.
E, agora, sou mãe. E sou eu quem tem que decidir que tipo de experiência minha filha vai ter. Gostaria de dizer que ela terá todas, e posso dizer que tão logo ela tenha discernimento para tanto, ela vai decidir o caminho dela, em quase tudo.
Mas algumas coisas eu sinto que eu tenho que forçar a barra, e insistir para que ela aprenda.
Natação, por exemplo, é, para mim, uma obrigação. Na minha cabeça, toda criança precisa aprender a nadar e ponto final. Não porque natação é um esporte saudável, que, indubitavelmente, é. Mas por questão de sobrevivência. Acho que todo ser humano precisa saber que é capaz de flutuar para, numa eventualidade, conseguir salvar a própria vida na água. Nunca sabemos o dia de amanhã e basta um tropeço na beira de uma piscina, para o saber nadar se tornar vital. Portanto, Alice faz natação e fará até saber nadar. Isso já falei para ela e ela parece ter entendido. Expliquei que depois que ela souber nadar direitinho, ela poderá decidir se vai continuar fazendo aulas de natação ou não. Mas que até então, é natação é atividade obrigatória.
Ela quis fazer balé. Eu a matriculei com gosto. Acho que da forma que é ensinado na aula dela, ajuda a desenvolver o equilíbrio, a postura, a concentração. O Balé não é uma obrigação e, isso também, já foi deixado claro para ela. Ela fará balé pelo tempo que quiser, quando não quiser mais, ela poderá sair do balé e tentar um outro esporte. Afinal, dançar não é vital.
Agora ela começa a se interessar por bicicletas. Eu ainda acho ela nova demais para aprender a andar de verdade. Por hora, pequenas voltinhas de mini bicicleta de rodinhas no pátio do prédio bastarão. Mas, sim, no futuro, quero que ela aprenda. Quero que ela tenha segurança sobre uma bicicleta. Não por ser vital, mas para dar a ela uma opção de um bom exercício que pode servir como meio de transporte no futuro.
O inglês será obrigatório no futuro. Por hora, o que aprende na escola (que tem um bom programa de inglês) e em casa comigo é mais do que suficiente. Mas no futuro ela será matriculada num bom curso de inglês, e aprender o idioma será cobrado dela como obrigação. Infelizmente, nesse mundo em que vivemos, quem não fala inglês, acaba perdendo muitas oportunidades. Já outro idioma, ficará por conta dela. Se quiser um dia aprender Russo, terei prazer em fazer a sua inscrição num bom curso. Mas antes ela tem que falar inglês.
Lógico que tudo isso pode mudar no futuro, afinal, quem tem filho sabe que o futuro é sempre uma caixinha de surpresas com eles.
E, vocês, têm algumas experiências que considera obrigatórias para seus filhos?

terça-feira, 24 de maio de 2011

Meninas e Meninos

Eu sempre me vi mãe de menina. Adoro um lacinho, um frufru. Adoro saber que, no futuro, poderei trocar idéias, de igual para igual, sobre ser mulher. Sei que é mais difícil para mulheres no mundo que vivemos, mas sei também que é isso que nos faz tão fortes e nos faz capaz de enfrentar tantas coisas.
Além disso eu sempre tive uma dificuldade com a idéia de cuidar de um pinto... vejam bem, nunca tive um, não sei como se faz!rs
Quero mais filhos, estou tentando, e se vier um menino, será maravilhoso, verei o outro lado da moeda. Mas, lá no fundinho, acho que nasci para criar meninas.
Mas minha filha não é uma "menininha" que só brinca de boneca e de fazer comidinha (até porque se for se espelhar na mãe, ficará longe de qualquer alimento em fase de preparo!). Alice ADORA brincar de carrinho, jogar bola, lavar o carro com o pai. Ela vibra quando vê um carro legal e faz comentários como "mãe, olha que carrão!".
Eu a crio livre para escolher o que quiser na sua vida. Me pediu para fazer ballet, e lá vai ela, duas vezes por semana, vestida de tutu e sapatilha, para a aulinha dela. Mas se um dia quiser fazer judô, terei o mesmo prazer em levá-la (até porque sempre sonhei em fazer taekwondo!). Se quiser só andar de vestido, ótimo para ela, mas se só gostar de calça, maravilha também. Ela usa rosa, porque quer, mas também usa azul marinho, camisa com estampa de carrinho e o que mais puderem imaginar e ela achar legal. Ela adora futebol com o avô, torce pro Flamengo e tira onda com o pai, que é botafoguense. Alice não tem orelha furada, e, mesmo com todas as amigas da escola usando seus brincos, ela não demonstra a menor vontade de tê-los. E no dia que quiser, os terá. Mas também curte suas barbies e adora uma pulseira.
Alice é livre e o que decidir ser, ela será, com toda a liberdade do mundo! Ela sabe que é assim e sabe que o meu amor por ela independe de ser isso ou aquilo.
E aí, eu me deparo com um artigo sobre um casal que decidiu criar o/a filho/a sem revelar a ninguém o sexo da criança (quem quiser ler o artigo, pode encontrá-lo aqui: Casal canadense decide criar bebê sem definir o sexo). Nome neutro, roupa neutra, e, já que o idioma permite (inglês), referências sempre neutras. Ou seja, a criança, em tese, está livre para decidir seu próprio sexo...
Veja bem, cada um com seu cada qual, mas eu tenho a impressão que isso não mudará nada na vida da criança, a não ser uma grande confusão na sua cabecinha no dia que ela (a criança) tiver que viver com outros seres humanos no mundo real. Acontece que, mesmo tendo a liberdade de "escolher" sua sexualidade ou identidade sexual por conta própria, essa criança tem um orgão genital que a define. Sexo, ou gênero, não se define... se nasce! A identidade sexual é que é definida de uma ou outra forma. E, como não acredito nessa história de que identidade sexual são uma escolha, pra mim, não funciona essa teoria desses pais.
Eu entendo que uma pessoa É homossexual, ou É transexual. Ela escolhe viver isso plena e abertamente, ou não. E essa é a escolha que podemos "liberar" para nossos filhos. Podemos dar a eles a segurança necessária para, quando identificarem o que sentem, viver livremente seus sentimentos mais íntimos. Mas, esconder o gênero da criança não faz isso mais fácil!
Aliás, acho que até complica a coisa. Porque, de certa forma, sem induzir, você acaba induzindo... veja bem, se, por algum motivo, na escola as pessoas começarem a identificar a criança como uma menina, será natural que essa criança, que não tem sua própria identidade de gênero, acabe se agrupando entre "meninas", ou vice e versa. E, se a identidade que ela for identificada na escola não for condizente com o orgão genital que ela tem, imagine a confusão!
Não sei... mas na minha humilde opinião de mãe, acho que o nosso papel é ajudar a criança a se definir e se auto-afirmar dentro daquilo que ela é. Minha filha é menina, tem nome de menina, tem brinquedos de meninas e de meninos, brinca com meninas e com meninos (seu melhor amigo, por sinal, é um menino!). Minha filha sabe que ela é mulher, do sexo feminino. Minha filha, aos 3 anos, já entendeu que ela tem uma "perereca" (termo que ela mesma escolheu) e que os meninos têm pinto. Mas não é isso que, no futuro, a impedirá de encontrar seu próprio caminho sexual.
Ela vai encontrar esse caminho recebendo o apoio que precisar quando ela tiver questionamentos. Ela encontrará esse caminho quando entender que, como menina, ela continuará tendo todo o nosso amor quando decidir quem ela vai amar e que tipo de atividade ela vai gostar de fazer.
Acho que essa coisa de reinventar a roda e achar que podemos anular coisas que não são anuláveis não pode trazer paz de espírito.
Mas, cada um com seu cada qual. A única coisa que espero é que esses pais saibam lidar com as infindáveis dificuldades que esse tipo de atitude vai trazer para essa criança.
E sigo pensando que o meu papel é facilitar a entrada da minha filha no mundo real, seja por qual rota ela escolha tomar, e não impor minhas crenças sobre ela.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Vida pós maternidade

Tem gente que me critica por eu não não ser mais boêmia como eu era. Tem gente que me critica por eu não pegar minhas malas e viajar, deixando minha filha com a avó por uns dias. Tem gente que acha que depois que virei mãe, deixei de ter vida. Engana-se quem acha isso. Nunca tive tanta vida!
Realmente, antes de ter minha filha, eu era figurinha fácil nas noites cariocas. Conhecia um mundo de gente e podia sair sozinha que eu sempre encontrava gente conhecida ou, na falta dessas, conhecia genet nova. Eu era uma "borboleta social". Era divertido, MUITO divertido, não posso negar. Precisei viver tudo o que vivi para viver o que vivo hoje, em paz.
Eu adorava viajar. Tudo era desculpa para pegar as malas e cair no mundo. Já fiz loucuras, como pegar uma mala e me mandar por um mês, sem me preocupar com nada que eu tivesse deixado em casa. Era ótimo. Era absolutamente "livre".
Um dia minha filha nasceu e eu optei por não ter babá. Optei por tomar conta dela e só dela. Meu casamento mudou, minha vida virou outra.
Não deixei de ser mulher, muito pelo contrário, me sinto muito mais mulher hoje. Quando penso no antes, eu era uma menina e só.
Não saio mais para bares, é raro, muito raro. Não sinto a menor falta. Prefiro ir na casa de amigos, mesmo que de dia, trocar idéias, bater papo furado. Ou chamar amigos para a minha casa. Não encaro filas, a comida é gostosa, a bebida é livre e independe de um garçom.
As vezes rola uma festinha na casa de alguém, um aniversário. É delicioso. Deixo Alice com vovó e vou. Me divirto e, no dia seguinte, quando acordo, já estou com pressa para ir buscar a baixinha, porque me deu saudade!
Até hoje, desde que Alice nasceu, só viajei sem ela duas vezes, uma vez por uma noite, outra por duas. Foi bom, lógico, mas tudo me lembrava ela.
Ontem fui ao show do Paul McCartney. Dancei, pulei, gritei, cantei e, volta e meia me pegava pensando: "A Alice AMA essa música", "nossa, ela ficaria LOUCA com aquele trocinho que pisca", e aí mesmo é que eu me divertia mais ainda.
Hoje em dia, estar longe dela só é bom porque sei que logo estarei com ela, e ela vai me contar tantas novidades, e eu vou poder sentir o cheirinho dela pertinho de mim, e tudo vai fazer sentido, até o estar longe.
Muita gente vai falar que "mas você e seu marido PRECISAM ter um tempo só de vocês, não dá pra viver em função de filho". E eu sempre vou responder que eu e ele temos muito tempo só para nós dois, mesmo do lado dela, e, depois que os temos, o que não dá é para viver além dos filhos. Eles dão sentido a tudo que fazemos, justificam todas as nossas loucuras, nos dão um sentido de quem nós somos e nos dão razão para continuarmos sendo quem somos ou para mudar uma ou outra coisa em nós.
A verdade é que sem a Alice, a vida não faz mais sentido. Talvez, quando ela estiver mais velha, menos dependente, eu ache graça no estar sem ela... mas, sinceramente, não acredito nisso. Acho que vai mudar a forma como eu estou com ela, mas ela sempre vai estar comigo, em tudo que eu faço e tudo o que eu penso.
E, tive muita sorte, porque sei que meu marido pensa exatamente como eu e talvez seja isso, justamente isso, que nos trás tanta felicidade em nosso casamento, temos uma coisinha em comum que nos amarra e nos faz viver, em comum.

sábado, 21 de maio de 2011

Em boa companhia!

Talvez por não ter babá, Alice sempre me acompanhou em todos os meus compromissos e obrigações, desde o supermercado, até o médico. Não tinha solução, era isso ou não ir.
Recentemente virei vizinha de porta da minha sogra, então, muitas vezes, quando preciso fazer uma "obrigação de mãe", deixo ela com a sogra porque acho que lá ela poderá brincar ao invés de ficar fazendo programa chato de ir a banco ou sei lá qual outra tarefa chata eu tenha para fazer.
Tem dias que ela fica bem, feliz brincando com a avó, que se faz de gato e sapato por ela. Mas tem dias que não quer, que quer ficar comigo e me acompanhar. E eu deixo.
Hoje foi um desses dias. Passamos o dia juntos, os 3, Alice, eu e o papai. Foi um dia sem nenhum atrativo infantil. Fomos comprar coisas de casa, almoçar num restaurante, ver um amigo meu e voltamos para casa. Ela se comportou como uma mocinha tempo todo. Não reclamou de nada, ficou no carro tranquilamente, sem ficar pedindo que um de nós sentasse atrás com ela (coisa que nunca fazemos, mas ela sempre insiste), contou suas histórias, mas nos deixou conversar com tranquilidade, sem nos interromper de 2 em 2 minutos (como é de costume).
Tínhamos que pendurar uns porta-retratos na parede e achávamos que ela já tinha tido a cota de programas entediantes com os adultos e talvez quisesse brincar. Levamos ela para a casa da vovó e perguntamos se ela queria ficar lá. Ela quis.
Em menos de 10 minutos, voltou para casa alegando uma dor de barriga. Nem preciso dizer que, assim que ela entrou em casa, a dor de barriga sumiu.
E então ela sentou ao meu lado e perguntou se podia me ajudar. Eu, como sempre, expliquei que eu adoraria a ajuda dela. Assim, de perninhas cruzadas, ela se sentou na cama e me ajudou, de fato. Ajudou cortando pedacinhos de fica dupla face, sugerindo fotos a serem colocadas nos porta-retratos, simplesmente conversando e elogiando o trabalho.
E, olhando para ela, toda sorridente, percebi que tem horas que brincar cai para segundo plano e que não importa o que estejam fazendo, o que criança gosta mesmo é da companhia do pais!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Da dobra tripla à calça corsário

Não sei vocês, mas sou pão dura com as roupas da minha filha. Deixe-me explicar. Quando soube que estava grávida, minha mãe morava fora e fez um armário completo para a Alice até praticamente os 5 anos de idade. Eu, curiosamente, só comprei um shortinho e camisa polo feminina lindos da Zara assim que soube que era uma menina. Aí via as minhas amigas falando que tinham gastado os TUBOS com roupas e que não resistiam a comprar de tudo o tempo todo. Sou pão-dura assumida. Minha mãe já tinha comprado tanta coisa que eu não conseguia justificar gastar um dinheirão com roupas para a Alice.
E a Alice nasceu e continuou ganhando roupas e mais roupas de visitas variadas, amigos, primos. Ela também entrou na linha de sucessão de roupas de primos próximos e distantes, e também de vários amiguinhos maiores do que ela. E eu, até hoje, só comprei uma ou outra roupinha de "bater", porque me recuso a detonar uma roupa herdade (eu as devolvo limpinhas e arrumadinhas para quem me emprestou).
E ela tem roupinhas LINDAS. Aliás, tem roupinhas demais! E ela as usa o tempo que for necessário. Começa a usar uma camisa como vestidinho e só para quando a camisa ultrapassou o limite do baby look. Volta e meia visto ela com uma calça e sou forçada a ouvir: "Mas, mãe, tô pescando siri!"
E não me arrependo. Com isso economizei em roupa para gastar em outros prazeres e obrigações. E, enquanto eu receber heranças e ela ganhar presentinhos de amigos, continuarei na mesma toeria, calças servirão da dobra tripla à calça corsário. E mesmo assim muita coisa termina a gestão praticamente nova, para então serem repassadas para outras crianças.
Sou adepta do troca troca entre primas e amigas, não só economiza dinheiro, mas introduzimos, desde cedo, o conceito de redução de consumo nos nossos pequenos.
E vocês, são compradoras vorazes ou herdeiras?

terça-feira, 17 de maio de 2011

Carta aberta ao "jornalista" João Pereira Coutinho


Normalmente limito esse blog a pequenas reflexões e anedotas da minha vida (e das minhas amigas que escrevem comigo aqui), mas dessa vez eu não pude resistir. Fazendo minha leitura da blogosfera, caí no blog da Nave Mamãe onde ela comentava a coluna de um certo Jornalista chamado João Pereira Coutinho, da Folha com o título Mamonas Celestinas.
Além de concordar com tudo que foi dito no Nave Mamãe, queria complementar dando minha própria opinião sobre o assunto na esperança que a ameba digitadora que escreveu o texto original chegue aqui de alguma forma e leia o que penso a respeito da sua coluna tosca.

Veja bem, senhor João, amamentar, ao contrário do que se pensa, não é um ato íntimo. Os seios da mãe, no momento da amamentação, só são orgãos sexuais para pessoas com pensamentos sexualmente desviantes. O seio é a fonte única de alimento para um bebê até seus 6 meses, e depois disso, apesar de ser complementada com outras formas de alimentação, continua sendo de suma importância para a saúde do bebê. Amamentar é tão íntimo quanto comer um hamburguer.
Entenda, senhor, que bebês não sabem ainda o que é o íntimo e não dá para dizer para uma criatura de 2 meses que ela deve esperar um pouquinho e segurar a onda porque estamos no meio da rua e o meu peito agride pessoas de pensamento pequeno. Quando um bebê quer mamar, ele quer mamar. Talvez sua mãe seja da escola que acreditava que bebês saudáveis eram aqueles que se atracavam com uma mamadeira engrossada com maizena e ficavam gordos como pequenos porquinhos. Mas ela era um produto da época em que viveu. A medicina avançou e isso já se provou uma farsa.
Se você tem alguma dificuldade para entender a importância da amamentação em livre demanda, entre em contato com a OMS, tenho certeza que na função de jornalista, você encontrará alguém por lá disposto a te explicar porque todos devem encorajar mães que amamentam, seja onde for.
Acredito que você precise urgente de apoio psiquiátrico e aqui vão os pontos que você deveria abordar com o seu médico ainda na primeira consulta:
Uma pessoa que equipara o ato de amamentar ao ato sexual ou à masturbação, é uma pessoa que deve olhar para um bebê e sentir prazer sexual. Marque logo sua consulta, João, antes que seja tarde demais e que você se sinta sexualmente atraído por crianças, porque isso, amigo, tem nome e é pedofilia. A amamentação não tem nenhum tipo de relação com o ato sexual entre homem e mulher, que fique BEM claro.
Quanto a você ter esse estranho fetiche por defecar em praça pública, camarada, é outro assunto a ser abordado. Amamentar só está relacionado com defecar porque é graças à amamentação que os bebês conseguem formar fezes. Mas amamentar não produz nenhum tipo de odor, não tem nenhuma bactéria, e não afeta a ninguém que não esteja envolvido diretamente na relação bebê-mamãe. A não ser é lógico, que a pessoa tenha algum distúrbio e não consiga deixar de olhar o ato como sendo algum tipo de perversão. Nesse caso, releia o parágafo anterior e siga as recomendações ali colocadas.
Mas é isso, meu caro jornalista, é só isso que eu tinha a dizer. E para os seus empregadores mando o seguinte recado: isso não é jornalismo, é lixo em palavras!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Ressaca moral

Que mãe nunca teve um dia difícil? Filho é assim, tem humores! Ser mãe é nunca ter descanso da árdua tarefa de educar, disciplinar, amar, não doar filho malcriado para a primeira obra de caridade...
Aí rola o final de semana das trevas. A criança parece ser dominada pelos poderes do mau. A birra é sem motivo aparente. Não é porque quer uma coisa que lhe é negada, nem porque ela está com sono, ou com dentes nascendo (Alice já tem todos os seus dentinhos, portanto essa desculpa esfarrapada já não posso mais usar). É simplesmente porque acordou de ovo virado e está com vontade de gastar energia gritando, esperneando e chorando.
Nessas horas não há nenhum tipo de reinvindicação terrorista por parte da criança. Não há nada que você possa fazer para "seduzí-la" (a saída fácil para muitos pais é simplesmente ceder, mas até isso as crianças desafiam!). Ela simplesmente quer brigar.
Nessa hora não existe diálogo, não existe cantinho do pensamento, não existe conseqüência para seus atos. Ela grita, chora e te diz que você não é mais a mãe dela... só por dizer mesmo.
Inicialmente julguei que, talvez como um ensaio para a TPM, meninas tivessem pequenos ciclos hormonais que as levassem à insanidade, como acontece com todas as mulheres. Mas percebi que mães de meninos passam por isso também. Então descartei essa hipótese rapidamente.
E nesses dias você fica exausta. As vezes se tranca no banheiro, no final do dia, dentro de um chuveiro quente, só para chorar suas mágoas de pior mãe do mundo. De mãe que não vai mais ganhar apresentação de dia das mães na escola (é uma das "ameaças" que Alice faz comigo quando está de TPM... mesmo em outubro ela usa esse argumento!).
E vai dormir pensando se você errou e onde errou. Sonha com todas as coisas que aconteceram e seu sono é agitado.
No dia seguinte acorda tristonha, de ressaca moral por tudo que aconteceu na véspera. Vai até o quarto da filha acordá-la pensando como será esse dia novo. Acredita que, como adultos, a mágoa do dia anterior se prolongará até que as cartas sejam colocadas na mesa em uma conversa franca. Titubeia na porta do quarto, pensando que talvez seja melhor deixá-la dormindo por cem anos, tal qual a Princesa Aurora, só para não ter que ouvir as palavras ferinas de "eu não gosto mais de você".
Com todas as suas forças, você supera o seu medo e dá um beijo de bom dia na pequena que, imediatamente abre seus olhinhos, te abraça forte, te dá um beijo e completa com "mamãeeeeee, eu te amo!".
E tudo que você sofreu e chorou acaba como que por encanto. Sim, você é a melhor mãe possível!

domingo, 15 de maio de 2011

Mães perfeitas e filhos perfeitos

Antes de mais nada, deixe-me esclarecer alguns itens importantes para esse post:
1) nada me irrita mais do que mãe perfeita de filho perfeito. Quando alguém me vem com o papo de que nunca dá bronca séria em filho e que só precisa levar um bom papo que o filho SEMPRE entende, me dá vontade de rir, porque, na boa, TODA criança, em algum momento da sua infância, dá um ataque de pirraça aqui e ali. E, aviso logo, se me JURAR que o seu filho NUNCA teve um ataque de pirraça na vida dele, e que você NUNCA ficou no limite da tua paciência, vou te recomendar um bom psiquiatra infantil, porque faz parte do processo de desenvolvimento desafiar a mãe ao limite, mesmo a mãe mais perfeitinha do mundo!
2) Mentira... tem uma coisa que me irrita mais do que o item 1, a mãe que, só para se fazer de super mãe, mente e diz que filho dela NUNCA fez pirraça e que ela NUNCA deu uma boa bronca não tão pedagógica em filho... e que me diz isso quando minha filha está num dia de teste de paciência. Ahhh, essas sim me tiram do sério. E, pessoas, fiquem alertas. Se me pegar dando uma bronca na minha filha, limitem-se a passar calado e de olho baixo, porque se fizer qualquer moção de crítica ou pitaco, toda a paciência que tiver sobrado em mim, vai acabar rapidinho e alvo do meu desacato será, sem dúvida para você!

Dito isso, vou explicar os meus motivos para tanta acidez hoje.

Alice é, em geral, uma criança muito fácil. Ela é obediente, não dá grandes chiliques. Faz uma manha, uma birrinha, mas nada demais. É uma criança inteligente (e que filho não é, né?) e está sempre "testando" o limite do seu piso seguro. Raras vezes uma advertência do tipo "não pule no sofá" basta. Normalmente a advertência incita um "PORQUE?" e gera toda uma conversa sobre como ela pode cair e se machucar e sobre como o fulaninho (qualquer amiguinho que tenha feito tal coisa) pulou no sofá e caiu e machucou a cabeça, o braço, ou seja lá que parte do corpo. Alice não é uma criança que aceita bem o "porque eu mandei", ela realmente quer saber o porque e realmente me obriga a fazer um exercício de não ceder à típica arrogância materna do "porque eu mandei". E acho isso um barato!
Mas, ela tem seus dias. Junto com a inteligência vem uma capacidade ímpar de argumentar, e uma boa parcela de teimosia. E esse final de semana foi um desses.
Antes que me digam que ela podia estar com sono, sede, fome, cansaço, virose ou o que for, deixe-me esclarecer que não havia nenhum desses fatores em jogo, era simplesmente uma virada de lua errada ou algo do gênero.
E então ela tirou o final de semana para teimar e fazer birra como nunca antes na história desse país. Foram 3 espetáculos, dois para público seleto, um com ingresso popular!
Vamos combinar que show em casa é sempre mais fácil. Manda a criança pro "cantinho do pensamento" e deixa lá até se acalmar, depois conversa calmamente, dentro de todos os modelos de todas as supernannies, pedagogos de renome, livros de receita. E, uma hora a paz volta a imperar.
Mas, com show popular a coisa complica. Difícil largar uma criança no cantinho do pensamento no meio de um shopping movimentado, né? E mais difícil ainda é pegar a criança e se enfiar no carro para ir embora, adiando o cantinho para quando chegar em casa... bronca se dá à vista, e não a prazo!
E eis que ela resolveu dar um show no meio do shopping! De início tentei as medidas pedagógicas tradicionais. Me abaixei, falei em tom sério e baixo olhando olho no olho. Ela? Nem tchum. Coloquei sentada numa cadeira que tinha ali e falei que ela deveria ficar ali até se acalmar. Ela? Nem tchum.
Abandonei a receita de bolo e parti para a ameaça. "Se continuar fazendo malcriação, não iremos na livraria hoje". Ela? Nem tchum. "Pare de fazer malcriação ou eu vou ficar MUITO brava com você?" Ela? Nem tchum. "Alice, chega! Estou cansada e não quero mais ouvir um pio!" Ela? Nem tchum.
A essa altura já estou esgotada, já estou de saco cheio de perceber que todos os passantes largam aquele olharzinho clássico para cima de mim. Mas, como opinião alheia não me importa muito, volto ao meu problema.
Pego Alice no colo, ela se debatendo, eu tentando segurar para não deixar ela cair (cena que qualquer mãe que já encarou uma situação similar, sabe que não é uma imagem de anúncio de margarina, né? É feio MESMO!). Levo até o banheiro para lavar o rosto dela e ver se ela se acalma (ou pelo menos sai da vista do grande público). No meio do caminho ela começa a escorregar e quase cai. Coloco ela no chão para tentar pegar no colo de novo. Nisso ela se joga no chão. Eu seguro ela para ela não bater com a cabeça no chão num dos seus doces movimentos de cisne negro. Ela grita que eu machuquei ela (argumento que crianças logo sacam ser infalível, porque toda mãe morre de medo de machucar filho sem querer). Passa um casal, para, me olha com aquele ar que mistura "que horror um filho se jogando no chão, provavelmente é uma daquelas mãe que cria filho mimado, BEM FEITO! Filho meu nunca seria assim" e "Ai que horror pegar a criança com tanta agressividade, não tá vendo que machucou a criança? Vai ver que é daquelas que dá palmada em filho!" Eu percebo o casal parado, me olhando. Olho para eles com o tradicional ar de "não é da tua conta. vamos dispersar porque não há nada para se ver aqui". A moça, provavelmente uma mãe perfeita de filho perfeito (e com uma babá que rende ela sempre que o filho está de mau humor), sacode a cabeça em desaprovação e faz aquele sonzinho nojento de "tsc, tsc".
(Respira, Mariana, você é um ser civilizado e não ficaria bem arrancar os olhos dessa infeliz!!!)
Com a voz seca e calma olho para a mulher e digo: "É anúncio de anticoncepcional, sou patrocinada pela Gynera, tá... agora pode olhar para o outro lado e me deixar em paz, por favor".
É, pessoal, não tem jeito, a mãe do outro nunca é tão perfeita quanto você!

quinta-feira, 12 de maio de 2011

AMAmentar

Na quarta-feira rolou o "amamentaço" em São Paulo. Achei muito legal e teria curtido participar, se eu ainda tivesse um ser "mamante" em casa. Mas, em homenagem ao movimento dessas mães, decidi compartilhar a minha história com a amamentação.
Desde o dia que vi as listrinhas coloridas no palitinho da farmácia, eu tinha uma certeza: eu ia amamentar!
Eu não me importava com questões de via de parto, por mim, saindo com saúde, podia até sair pela orelha, mas eu dava uma importância enorme à amamentação. Li e reli livros e mais livros sobre o assunto. Li sobre a pega certa, sobre os cuidados com o seio, sobre mil e uma vantagens do leite materno. E os meus peito pareciam estar totalmente em sincronia com isso, quanto mais eu lia, mais fartos eles ficavam (aliás, vale dizer que não tem nada que eu ache mais lindo do que mulher com peito farto por amamentação)!
E Alice nasceu. Um parto cesareano de emergência mas absolutamente humanizado. Participei de tudo, vi minha filha saindo, curti o cheirinho dela na sala de parto, foi lindo! Em menos de uma hora ela já estava no quarto comigo.
Assim que a trouxeram, eu ainda deitada por conta da raquidiana (que devo dizer não foi nenhum dos terrores que tinham me dito), coloquei ela ao meu lado e, com a ajuda da enfermeira, a posicionei para mamar. Não sei se por tanto eu ter lido ou por ela ter nascido faminta, ela se acoplou perfeitamente, pega perfeita, e saiu mamando que nem bezerra.
Nos 2 dias e meio que passei na maternidade ela mamou perfeitamente, a ponto da consultora de lactação me perguntar se já era a segunda filha. Passava horas pendurada no peito e sugava tanto que chegava a escorrer colostro pelo cantinho da boca.
No terceiro dia fomos para casa e assim que botei o pé em casa o leite desceu com tudo. Ela, óbvio, AMOU esse fato novo na vida dela. Basicamente, era chegar perto de mim que se atracava no meu peito.
Tive um mínimo de incômodo no seio esquerdo, por conta de uma cândida. Mas nada insuportável. Não tinha "preparado" o peito e isso não fez diferença alguma. Não usei nenhum produto milagroso (tentei o tal do Lansinoh, mas achei melento), e só usei as malditas conchas na primeira semana. Logo me irritei com elas e percebi que me faziam ter ainda mais leite do que eu já tinha, sem contar que cada vez que eu me abaixava para pegar qualquer coisa, levava um BANHO de leite. Eu simplesmente adotei a teoria do "peitos ao vento". Passava a maior parte do dia com os peitos de fora, respirando. Terminada a mamada, limpava o seio com um tiquinho de leite e deixava secar, e, antes da próxima mamada, limpava o seio com um pouquinho de leite de novo. Fugia de "modess" de peito como o diabo fugia da cruz (só usei umas poucas vezes, quando tive algum evento social que me forçava a ficar "apresentável"). De noite, para dormir, esticava uma toalha na cama, e não cobria o peito com nada além de um sutien (que foi aposentado no turno vespertino por volta do terceiro mês) e uma fraldinha de pano dobrada por dentro dele. Acordei num mar de leite muitas vezes, mas meus mamilos agradeceram o respeito!
Eu nunca me acanhei. Desde o primeiro momento amamentei na frente de todo mundo. Amamentava na rua onde estivesse, amamentava em qualquer hora que Alice tivesse fome ou sede. Amamentava para dar vacina, amamentava logo depois dela terminar o exame físico com o pediatra. Recebi críticas sobre estar "mimando" a minha filha, fiz ouvido grosso! Se recebi olhares de reprovação de estranhos sobre estar com os peitos de fora não sei, nunca percebi... talvez porque pouco me importasse com isso! O peito é meu, mostro ele para quem eu quiser, e quem não gostar, que olhe para o outro lado!
Fui no exclusivo até 5 meses e meio, e continuei amamentando como complemento aos sólidos até os 15 meses da Alice. E foi MARAVILHOSO.
Tive momentos que desanimei. Cansada, querendo dormir, só pensava em desmamar e deixar que alguém assumisse a mamadeira uma ou outra vez. Mas Alice era mais teimosa do que eu (UFA!) e não aceitava nenhum tipo de leite além do meu. Aliás, em alguns momentos de desânimo, cheguei a comprar a famosa fórmula, mas desembolsar uma pequena fortuna por algo que eu fabricava de graça logo me incentivava a continuar com a amamentação.
Hoje, volto no tempo e percebo que uma das coisas que mais sinto falta do primeiro ano da Alice é ter aquele serzinho lindo mamando e trocando idéia comigo. Sinto falta dos "nossos" momentos. Todos os incômodos e lamentos se apagaram e ficou só a doce memória de tê-la BEM grudadinha em mim, curtindo cada segundo de cada mamada!
Apesar disso acho que amamentação não é obrigatória. Obrigatório é TENTAR, pelo menos no primeiro mês... depois disso é lucro, mas, não deu, não deu... melhor dar uma mamadeira com prazer do que um peito sofrido. Sem traumas!

Escola - será que escolhi certo?

Quando eu estava grávida, jurava que Alice só iria para a escola com 3 anos, quando soubesse andar e falar com fluência. Falava da escola que eu queria e tinha todos os meus motivos bem claros para tê-la escolhido. Mas, como tudo na maternidade muda com o tempo, isso tudo também mudou.
Quando Alice estava prestes a completar 2 anos, já falava com absoluta fluência e, lógico, andava com firmeza. Eu já estava exausta, afinal ela dormia muito mal e eu, por conseqüência, não sabia o que era uma noite de sono bom desde o parto dela. Além disso, todos os amiguinhos estavam entrando na escola e ela começaria a ficar meio solitária no parquinho pela manhã (eu já vinha sentindo a carência de crianças na parte da tarde, mas, vida de filho único é isso aí, né? Overdose de mãe!). E, para completar o quadro, ela estava apegada DEMAIS a mim. Como passávamos todo o nosso tempo grudadas (quem não tem babá entenderá esse grude bem!), ela não admitia ficar longe de mim, e isso a estava prejudicando.
A escola que eu tanto tinha sonhado se provou inviável. A mensalidade elevadíssima exigiria cortes em gastos que não valiam o esforço. Seria trocar o conforto no lar por uma escola que nem era tão superior a tantas outras que visitei.
Visitei algumas outras escolas e acabei optando pela escola que fazia sentido na nossa vida. A começar que a escola tinha, como coordenadora pedagógica, a minha tia, que não só tem absoluta competência, mas tem um carinho todo especial pela Alice e eu tinha o conforto de deixar a Alice na escola sabendo que tinha uma "segunda mãe" por perto para eventualidades. O preço era super bom, e ainda ganhei bolsa, coisa que poucas escolas ofereciam. Não bastasse isso, a escola oferece, nos dois primeiros anos da educação infantil, almoço na escola. Um almoço balanceado, saudável e super saboroso. Tudo com o acompanhamento de uma nutricionista. Em casa Alice teria a minha comida que, hei de assumir, não é uma glória!
Para fechar a decisão eu amei o projeto e a proposta pedagógica sem rigidez. A escola não é construtivista, não é tradicional, não é Waldorf, não é nenhum rótulo, é apenas uma escola que busca, nos diferentes caminhos, o melhor para as crianças. As professoras são todas muito qualificadas, com cursos universitários e mestrados, muitas com doutorado em pedagogia.
O corpo docente é ultra acessível, qualquer pessoa que queira pode marcar hora com qualquer um dos profissionais que será atendida. E, mesmo quando os pais não correm atrás de uma reunião, a escola inverte o jogo e corre atrás dos pais para reuniões, semestrais e individuais, com os pais e os professores cabíveis.
A escola tem uma pediatra que atende ao Berçário, mas havendo necessidade, ela socorre as crianças de todas as turmas.
E assim a Alice se tornou estudante e partiu para seu novo mundo de aprendizado. A adaptação não foi das mais fáceis, mas senti que ela estava amparada (e eu também) ao longo de todo o processo. Depois de um mês de choros (dela e meus!rs) ela já tinha se adaptado. Mas antes mesmo ela já adorava a escola, só não gostava de se separar de mim!
Alice agora está no final do segundo bimestre do seu segundo ano de escola e eu estou num momento de avaliação das minhas escolhas (coisa que faço com bastante freqüência). A minha conclusão é que ela pode não estar na escola mais renomada do Rio de Janeiro. Não é uma escola que tem tradição de mandar alunos para Oxford ou Harvard, nem é uma escola que trás docentes de grandes universidades com nomes pomposos. Mas é uma escola que tem na equipe professores que amam o que fazem e que fazem aquilo com capricho e atenção as necessidades de cada criança.
Não é uma escola com proposta pedagógica cheia de rapapés, não propõe nenhum milagre ou avanço superior do nível intelectual da minha filha, mas é uma escola que respeita o tempo dela e dá a ela a chance de expressar seus interesses de forma natural.
E, o principal, quando deixo minha filha no pátio pela manhã, ela me dá um beijo sorridente e se joga nos braços das professoras (sim, coloco no plural porque uma das coisas legais da escola é que há grande interação entre as turmas e todos os professores conhecem todos os alunos!) sem nem olhar para trás. E se, porventura, ela precisa faltar, me avisa com todas as letras que está com saudade da escola!
Preciso mais do que isso para saber que fiz a escolha certa?

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Popular

- Mamãe, hoje a Su falou que eu sou popular!
- Por que, Ana?
- Ué, porque todo mundo quer seu meu amigo!
E só quem passou a vida sendo tímida e casou com um mais tímido ainda, e que sempre tinha dificuldade em fazer amigos, para entender a alegria que ouvir isso traz!
Má.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A modernidade e as crianças - ou, será que minha filha vai ser um ET?

Antes de mais nada eu quero explicar que eu não tenho a menor pretensão de ditar regras ou acusar ninguém com a minha reflexão. Tudo que eu escrevo aqui é isso e só isso, reflexões de uma mãe que tentar encontrar o melhor caminho para trilhar com sua filha. No que diz respeito à criação dos filhos, enquanto não afetar a minha, cada um no seu quadrado, né?
Mas eis que no dia das mães resolvi entrar na modernidade e pedi um smartphone (um dos mais simples, nada de muito sofisticado)... o motivo é simples, sou viciada e curto a beça navegar na internet, ler blogs, falar besteira no Facebook. Talvez porque eu veja pouca TV, ou talvez porque, apesar de eu adorar ler, nem sempre estou com energia mental para focar meus cansados olhos em páginas de livros. Mas o fato é que eu pedi e ganhei um daqueles viciantes aparelhinhos que me permites estar ligada na rede até quando vou ao banheiro no posto da estrada!
Vale dizer que eu quero que a Alice entenda e tenha contato com esse mundo digital sensacional que se é, inevitavelmente, o futuro. Mas, e talvez eu esteja errada, ainda não!
Alice tem só 3 anos e 5 meses. Está na fase de desenvolver suas habilidades motoras com lápis e papel e cola e brinquedinhos de montar simples e divertidos que sempre ajudaram as crianças, ao longo dos anos, a coordenar seus movimentos e seu raciocínio. Não quero ela pregada na tela de um computador ou de um aparelhinho eletrônico celular que fica enviado sei lá que tipo de energia para ela.
Meu computador é meu. Ela até pede para jogar um joguinho e eu até cedo, uma vez ou outra, colocando ela para brincar de colorir na tela do computador ou fazer um bolo digital (vamos combinar que se eu for tentar fazer um bolo real com ela, estamos fritos e provavelmente perderemos todo nosso amor por coisas de comer!). Mas isso é a excessão. Alice sabe que o meu computador é meu e que ela não deve mexer nele. Computadores são caros e crianças têm a capacidade ímpar de alterar as configurações deles com uma rapidez bizarra. Além disso, no momento ela ainda não sabe escrever e dificilmente cairá num site inadequado, mas, até quando?
E o celular, bem, o celular tem um agravante, o seu uso implica em custos, altos! Além do que eles são fragilíssimos e mãos de crianças tendem a derrubar ou mesmo jogar os benditos (e, no caso dos bebês, os celulares parecem atraídos pela baba ácida que acaba com eles - os celulares, não os bebês!).
Não vou negar que já coloquei meu fétido aparelhinho (sim, Dr. Bactéria já falou sobre a qualidade fétida dos celulares, nem preciso explicar essa, né?) nas mãos da Alice para distraí-la. Momentos onde eu não tinha nenhum outro aparato de distração infantil e eu precisava que ela ficasse quietinha. Mas, nunca fiz disso um hábito.
Mas, Alice vive no mundo e não no vácuo. Portanto, é LÓGICO que ela conhece a tecnologia moderna e é LÓGICO que adora. Na escola Alice tem aulas de informática. Na casa da avó vive brincando de "joguinhos" no computador (pelo menos minha mãe tem bom senso e escolhe joguinhos bastante inofensivos, como de vestir bonequinhas, estourar bolinhas e afins). Ela tem também a prima que a apresentou ao IPad e ao IPhone e a todo o mundo sensacionalente divertido dos joguinhos e aplicativos da maçã mordida. Ela sabe da existência e já brincou com todas essas coisas.
Mas, ontem, me pediu para brincar com o meu celular novo: "Tem joguinho, mãe?" E eu expliquei a ela que eu a deixaria brincar, muito eventualmente, mas que o celular não era um brinquedo e que nem adiantava que ela não viraria a dona suprema do dito. Instalei um aplicativo chamado ToddlerBlock que consiste, nada mais, nada menos, de um "joguinho" de desenhar que trava todo o celular e que só dá pra destravar apertando a tela numa seqüência específica. Então, por hora, esse é o joguinho que tem disponível para ela no meu celular.
Com o tempo ela ganhará o seu território digital e, um dia, quando for mais velha, até terá o mundinho digital hiper controlado dela, mas tudo a seu tempo. Não sou adepta de criança ter computador no quarto, nem de criança expulsar pai e mãe de computador, nem de criança ter ipad para chamar de seu, muito menos de criança poder usar celular sem o controle rigidíssimo dos pais (limito isso a "oi vovô, tô com saudades..." e olhe lá).
Mas a verdade é que quando converso com os outros, troco idéia com minhas amigas, me sinto uma louca varrida. Será que sou eu que sou retrógrada e devo rever meus conceitos? Será que estou criando um pequeno ser tecnologicamente alienado dentro de casa?
Não, acho que não. Acho que a Alice demonstra ter o contato que precisa com a tecnologia moderna a ponto de saber se virar com um iphone nas mãos e de saber usar um mouse com tranquilidade e destreza (e também saber ligar máquina de larvar louça, máquina de lavar roupa, cafeteira ou qualquer outra coisa que tenha botão e que atraia seus dedinhos velozes e furiosos). Então acho que vou deixar como está, cada coisa ao seu tempo e mudando aos poucos.
Prometo que quando a hora certa vier, Alice terá seu computador antiguinho e herdado bem do ladinho do meu. Eventualmente ganhará acesso a um celular da casa. Um dia poderá ter um computador para chamar de seu. E, quando entender que telefone não é para ficar pendurada por horas de fofoca com as amigas, ganhará um telefone que seja mais do que um pai de santo e que possa também fazer telefonemas. Mas, para isso ela tem uma vida inteira, então por agora deixa a menina quieta com seus lápis de cera, papéis, colas e brinquedinhos de montar (de preferência não ruidosos).
Pessoal, sei que ando meio ausente deste cantinho, e vim para contar que vou ficar ainda mais! Estou na reta final para a entrega da minha tese, e agora preciso me focar só nisso... Mas prometo que no fim de junho eu volto, ok?
Beijos,

domingo, 8 de maio de 2011

Feliz dia das Mães

A todas as nossas leitoras, desejamos um feliz dia das mães.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

É segredo

Duas semanas atrás:
"Mamãe, eu fiz um pesente de dia das mães paia você na escola!"
"É mesmo, filha? Que lindo... o que é?"
"Num posso contá... é seguedo! Mas é uma bolsa, tá?"

Uma semana atrás:
"Mãe, vai tê a apesentação do dia das mães na festa da família da escola!"
"É mesmo, minha filha! Que lindo... o que vai ser?"
"Num posso contá... é seguedo! Mas é sobre a foiesta e eu sô um beija-flor!"

2 dias atrás:
"Mãe, depois do teatinho da foiesta, vai tê uma supesa em inglês!"
"É mesmo, filha! Que máximo... qual é a surpresa?"
"Num posso contá... é seguedo! Mas é a música do Happy Mother's Day (falado num sotaque fofésimo!), qué ouvi?"

Hoje (saindo da escola com uma caixa produzida por ela mesma em mãos):
"Mãe, olha é o pesente do dia das mães que eu fiz paia você! Mas só pode abi no domingo!"
"Nossa... vou morrer de curiosidade... não pode abrir hoje não?"
"Não, é seguedo! Mas, se quisé abi, eu deixo tá?" (já abrindo a caixa para me mostrar)

Acho que minha filha me puxou nesse sentido, eu nunca fui boa com surpresas e segredos!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Desfralde Noturno


"Acho que a Alice só vai desfraldar com uns 15 anos! E esse é um problema dela... se ela quiser, tudo bem", foi a minha última frase de uma noite quando Alice tinha 2 anos e 2 meses.
Ela mostrava ZERO interesse no assunto e eu menos ainda. Acho fralda ULTRA prático, e o meio ambiente que me perdoe. A fralda me dava a liberdade de passear livremente, sem ter que me procupar com o fato de que talvez não tivesse um banheiro decente por perto. Me dava a liberdade de viajar 3 horas de carro non-stop. Me dava a liberdade de não ter que parar tudo o que eu estava fazendo para socorrer o apelo de 'mãe, xixiiiiiii!". Eu adorava a fralda e ela me adorava de volta!
No dia seguinte, e isso não é uma força de expressão, nem uma licença poética, ela chegou da escola, ainda de fraldas, e declarou: "Mãe, Alice num usa mais fodinha!"
OI??? Comassim, criança? Hoje de manhã você saiu de casa toda lindinha de uniforme e fraldinha, toda contente. Em que momento do dia você tomou essa decisão?
E daquele momento em diante ela não permitiu mais que eu colocasse fraldas enquanto ela estivesse ativa. Só permitia a fralda quando estava com sono e querendo dormir.
Ainda assim foram inúmeros pipis e cocôs na calcinha. Todos conversados e acertados posteriormente entre nós duas. Mas, no todo, o desfralde diurno foi maravilhoso, até porque, o meu esforço nesse sentido foi mínimo!
Hoje ela está com 3 anos e 3 meses. Já se vai um ano que fraldas só são usadas para ir dormir. Ela está feliz assim, e eu também. Ela não demonstra o menor interesse em dormir sem fralda, nem eu. Por mim, se ela quiser dormir de fraldas até casar, ótimo... aliás, confesso que eu adoraria poder dormir de fraldas para não ter que me levantar no meio da noite para fazer pipi!
Já ouvi muitas pessoas dizendo que é hora de fazer o desfralde noturno. Me dando dicas de como fazê-lo. "É simples, não a deixe beber nada depois do jantar." Tá, e ela morre de sede nesse calor senegalês do Rio de Janeiro? "É fácil, acorde ela a cada 4 horas para fazer pipi no banheiro." Sei... depois de lutar por 2 anos para ela dormir uma noite inteira, agora, por um capricho meu, vou passar a acordá-la no meio da noite?
São tantas as dicas que eu chego a ficar atordoada. Quer saber? Só aceitarei dicas de desfralde noturno de pessoas que durmam com ela e se incomodem de ter fraldas na cama. Portanto, até ela casar, se quiser ficar de fraldas, que fique.
Lendo o post de hoje da Paloma, mãe da Cecília e da Clarisse, e dona do blog Peripécias de Cecília e Fofices de Clarice, percebi que realmente a fralda alheia parece perturbar muito as pessoas. Não sei o que elas têm a ganhar com o desfralde noturno da minha filha, mas, de fato, existe um incômodo universal com a fralda noturna da Alice.
Gente, gente, deixa a criança dormir com a fralda dela, tá? Prometo que tão logo ela se desfralde, eu a farei plantar uma muda de árvore para cada noite dormida de fraldinha, ok?

terça-feira, 3 de maio de 2011

Grande ou Pequeno - uma pequena reflexão sobre o brincar


"Mãe, vamo bincá de maior e menor?" Ela exclamou excitadamente do seu cadeirão enquanto eu dirigia.
Pedi a ela que me explicasse como era a brincadeira e ela logo tratou de me mostrar que era um jogo de comparações de tamanhos (provavelmente algo que está aprendendo na escola). Disse logo que ela seria a "pimeia" e mostrou os dedos da mão: "ó, o dedão, é maior ou menor?"
Respondi adequadamente e ela indicou que era minha vez.
"O papai é maior ou menor do que a Alice?" perguntei, entrando na onda da brincadeira.
"Não, mãe, a Alice é pequena!" retrucou.
"Então, ela é pequena e o papai?" insisti.
"Ele é gandi."
"Então, se ele é grande e a Alice é pequena, o papai é menor ou maior do que a Alice?"
Ela fechou a cara, olhou para baixo e reclamou:
"Não gostei da tua bincadeia!"
"Ué, filha, a brincadeira é tua... eu só estou seguindo o que você falou para eu fazer... porque a cara feia?" perguntei, confusíssima.
"É que você fez ficá difícil. Falou um monte de coisa. A minha bincadeia é só com o dedo da mão!"
Ela tinha toda a razão, eu tinha acabado de transformar a brincadeira dela em um complexo jogo de aprendizado. Tem horas que uma brincadeira é só isso mesmo, uma brincadeira!
"Filha, desculpa a mamãe, tá? Então, me diz, o dedão, é maior ou é menor?"