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quinta-feira, 12 de maio de 2011

AMAmentar

Na quarta-feira rolou o "amamentaço" em São Paulo. Achei muito legal e teria curtido participar, se eu ainda tivesse um ser "mamante" em casa. Mas, em homenagem ao movimento dessas mães, decidi compartilhar a minha história com a amamentação.
Desde o dia que vi as listrinhas coloridas no palitinho da farmácia, eu tinha uma certeza: eu ia amamentar!
Eu não me importava com questões de via de parto, por mim, saindo com saúde, podia até sair pela orelha, mas eu dava uma importância enorme à amamentação. Li e reli livros e mais livros sobre o assunto. Li sobre a pega certa, sobre os cuidados com o seio, sobre mil e uma vantagens do leite materno. E os meus peito pareciam estar totalmente em sincronia com isso, quanto mais eu lia, mais fartos eles ficavam (aliás, vale dizer que não tem nada que eu ache mais lindo do que mulher com peito farto por amamentação)!
E Alice nasceu. Um parto cesareano de emergência mas absolutamente humanizado. Participei de tudo, vi minha filha saindo, curti o cheirinho dela na sala de parto, foi lindo! Em menos de uma hora ela já estava no quarto comigo.
Assim que a trouxeram, eu ainda deitada por conta da raquidiana (que devo dizer não foi nenhum dos terrores que tinham me dito), coloquei ela ao meu lado e, com a ajuda da enfermeira, a posicionei para mamar. Não sei se por tanto eu ter lido ou por ela ter nascido faminta, ela se acoplou perfeitamente, pega perfeita, e saiu mamando que nem bezerra.
Nos 2 dias e meio que passei na maternidade ela mamou perfeitamente, a ponto da consultora de lactação me perguntar se já era a segunda filha. Passava horas pendurada no peito e sugava tanto que chegava a escorrer colostro pelo cantinho da boca.
No terceiro dia fomos para casa e assim que botei o pé em casa o leite desceu com tudo. Ela, óbvio, AMOU esse fato novo na vida dela. Basicamente, era chegar perto de mim que se atracava no meu peito.
Tive um mínimo de incômodo no seio esquerdo, por conta de uma cândida. Mas nada insuportável. Não tinha "preparado" o peito e isso não fez diferença alguma. Não usei nenhum produto milagroso (tentei o tal do Lansinoh, mas achei melento), e só usei as malditas conchas na primeira semana. Logo me irritei com elas e percebi que me faziam ter ainda mais leite do que eu já tinha, sem contar que cada vez que eu me abaixava para pegar qualquer coisa, levava um BANHO de leite. Eu simplesmente adotei a teoria do "peitos ao vento". Passava a maior parte do dia com os peitos de fora, respirando. Terminada a mamada, limpava o seio com um tiquinho de leite e deixava secar, e, antes da próxima mamada, limpava o seio com um pouquinho de leite de novo. Fugia de "modess" de peito como o diabo fugia da cruz (só usei umas poucas vezes, quando tive algum evento social que me forçava a ficar "apresentável"). De noite, para dormir, esticava uma toalha na cama, e não cobria o peito com nada além de um sutien (que foi aposentado no turno vespertino por volta do terceiro mês) e uma fraldinha de pano dobrada por dentro dele. Acordei num mar de leite muitas vezes, mas meus mamilos agradeceram o respeito!
Eu nunca me acanhei. Desde o primeiro momento amamentei na frente de todo mundo. Amamentava na rua onde estivesse, amamentava em qualquer hora que Alice tivesse fome ou sede. Amamentava para dar vacina, amamentava logo depois dela terminar o exame físico com o pediatra. Recebi críticas sobre estar "mimando" a minha filha, fiz ouvido grosso! Se recebi olhares de reprovação de estranhos sobre estar com os peitos de fora não sei, nunca percebi... talvez porque pouco me importasse com isso! O peito é meu, mostro ele para quem eu quiser, e quem não gostar, que olhe para o outro lado!
Fui no exclusivo até 5 meses e meio, e continuei amamentando como complemento aos sólidos até os 15 meses da Alice. E foi MARAVILHOSO.
Tive momentos que desanimei. Cansada, querendo dormir, só pensava em desmamar e deixar que alguém assumisse a mamadeira uma ou outra vez. Mas Alice era mais teimosa do que eu (UFA!) e não aceitava nenhum tipo de leite além do meu. Aliás, em alguns momentos de desânimo, cheguei a comprar a famosa fórmula, mas desembolsar uma pequena fortuna por algo que eu fabricava de graça logo me incentivava a continuar com a amamentação.
Hoje, volto no tempo e percebo que uma das coisas que mais sinto falta do primeiro ano da Alice é ter aquele serzinho lindo mamando e trocando idéia comigo. Sinto falta dos "nossos" momentos. Todos os incômodos e lamentos se apagaram e ficou só a doce memória de tê-la BEM grudadinha em mim, curtindo cada segundo de cada mamada!
Apesar disso acho que amamentação não é obrigatória. Obrigatório é TENTAR, pelo menos no primeiro mês... depois disso é lucro, mas, não deu, não deu... melhor dar uma mamadeira com prazer do que um peito sofrido. Sem traumas!

2 comentários:

  1. Já disse e repito: sorte dos meus futuros filhos que vc é minha amiga. Admiro demais, assino embaixo que, em se tratando de amamentação, obrigatório é tentar, o resto é lucro.
    E rezo para que meus futuros rebentos sejam autênticos mamíferos, assim como a minha sobrinha carioca mais linda do mundo.
    Beijos mil.

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  2. UFA!!!! Finalmente alguem com senso de razao. Obrigatorio e' tentar, de verdade... Nao deu... Paciencia. Vejo muitos blogueiras (os) agindo como se fossem menos maes as mulheres que tiveram seus filhos num parto cesareo e que por quaisquer, digo QUAISQUER motivos nao amamentaram o "recomendado" pela OMS. Sou mae de dois meninos, e sempre achei que nunca teria problemas para passar por um parto normal e amamentar. Nenhum nasceu de parto normal: polidramnio! E meu primeiro mamou exclusivamente apenas 60 dias... depois seja por influencia, inexperiencia, ansiedade, stress... nao consegui mais. Meu segundo esta no lucro, como disse voce. Atingimos o quarto mes! Bem verdade que precisei dar uma formula de vez em quando, porque, seja manualmente ou com bomba, ainda que eletrica, ordenhar o leite "nao rola", nao sai adequadamente... E se do primeiro sentia uma culpa miseravelmente profunda, do segundo era apenas profunda, porque nao consegui entender este ato natural que e amamentar. Obrigada. Mesmo.

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