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segunda-feira, 9 de maio de 2011

A modernidade e as crianças - ou, será que minha filha vai ser um ET?

Antes de mais nada eu quero explicar que eu não tenho a menor pretensão de ditar regras ou acusar ninguém com a minha reflexão. Tudo que eu escrevo aqui é isso e só isso, reflexões de uma mãe que tentar encontrar o melhor caminho para trilhar com sua filha. No que diz respeito à criação dos filhos, enquanto não afetar a minha, cada um no seu quadrado, né?
Mas eis que no dia das mães resolvi entrar na modernidade e pedi um smartphone (um dos mais simples, nada de muito sofisticado)... o motivo é simples, sou viciada e curto a beça navegar na internet, ler blogs, falar besteira no Facebook. Talvez porque eu veja pouca TV, ou talvez porque, apesar de eu adorar ler, nem sempre estou com energia mental para focar meus cansados olhos em páginas de livros. Mas o fato é que eu pedi e ganhei um daqueles viciantes aparelhinhos que me permites estar ligada na rede até quando vou ao banheiro no posto da estrada!
Vale dizer que eu quero que a Alice entenda e tenha contato com esse mundo digital sensacional que se é, inevitavelmente, o futuro. Mas, e talvez eu esteja errada, ainda não!
Alice tem só 3 anos e 5 meses. Está na fase de desenvolver suas habilidades motoras com lápis e papel e cola e brinquedinhos de montar simples e divertidos que sempre ajudaram as crianças, ao longo dos anos, a coordenar seus movimentos e seu raciocínio. Não quero ela pregada na tela de um computador ou de um aparelhinho eletrônico celular que fica enviado sei lá que tipo de energia para ela.
Meu computador é meu. Ela até pede para jogar um joguinho e eu até cedo, uma vez ou outra, colocando ela para brincar de colorir na tela do computador ou fazer um bolo digital (vamos combinar que se eu for tentar fazer um bolo real com ela, estamos fritos e provavelmente perderemos todo nosso amor por coisas de comer!). Mas isso é a excessão. Alice sabe que o meu computador é meu e que ela não deve mexer nele. Computadores são caros e crianças têm a capacidade ímpar de alterar as configurações deles com uma rapidez bizarra. Além disso, no momento ela ainda não sabe escrever e dificilmente cairá num site inadequado, mas, até quando?
E o celular, bem, o celular tem um agravante, o seu uso implica em custos, altos! Além do que eles são fragilíssimos e mãos de crianças tendem a derrubar ou mesmo jogar os benditos (e, no caso dos bebês, os celulares parecem atraídos pela baba ácida que acaba com eles - os celulares, não os bebês!).
Não vou negar que já coloquei meu fétido aparelhinho (sim, Dr. Bactéria já falou sobre a qualidade fétida dos celulares, nem preciso explicar essa, né?) nas mãos da Alice para distraí-la. Momentos onde eu não tinha nenhum outro aparato de distração infantil e eu precisava que ela ficasse quietinha. Mas, nunca fiz disso um hábito.
Mas, Alice vive no mundo e não no vácuo. Portanto, é LÓGICO que ela conhece a tecnologia moderna e é LÓGICO que adora. Na escola Alice tem aulas de informática. Na casa da avó vive brincando de "joguinhos" no computador (pelo menos minha mãe tem bom senso e escolhe joguinhos bastante inofensivos, como de vestir bonequinhas, estourar bolinhas e afins). Ela tem também a prima que a apresentou ao IPad e ao IPhone e a todo o mundo sensacionalente divertido dos joguinhos e aplicativos da maçã mordida. Ela sabe da existência e já brincou com todas essas coisas.
Mas, ontem, me pediu para brincar com o meu celular novo: "Tem joguinho, mãe?" E eu expliquei a ela que eu a deixaria brincar, muito eventualmente, mas que o celular não era um brinquedo e que nem adiantava que ela não viraria a dona suprema do dito. Instalei um aplicativo chamado ToddlerBlock que consiste, nada mais, nada menos, de um "joguinho" de desenhar que trava todo o celular e que só dá pra destravar apertando a tela numa seqüência específica. Então, por hora, esse é o joguinho que tem disponível para ela no meu celular.
Com o tempo ela ganhará o seu território digital e, um dia, quando for mais velha, até terá o mundinho digital hiper controlado dela, mas tudo a seu tempo. Não sou adepta de criança ter computador no quarto, nem de criança expulsar pai e mãe de computador, nem de criança ter ipad para chamar de seu, muito menos de criança poder usar celular sem o controle rigidíssimo dos pais (limito isso a "oi vovô, tô com saudades..." e olhe lá).
Mas a verdade é que quando converso com os outros, troco idéia com minhas amigas, me sinto uma louca varrida. Será que sou eu que sou retrógrada e devo rever meus conceitos? Será que estou criando um pequeno ser tecnologicamente alienado dentro de casa?
Não, acho que não. Acho que a Alice demonstra ter o contato que precisa com a tecnologia moderna a ponto de saber se virar com um iphone nas mãos e de saber usar um mouse com tranquilidade e destreza (e também saber ligar máquina de larvar louça, máquina de lavar roupa, cafeteira ou qualquer outra coisa que tenha botão e que atraia seus dedinhos velozes e furiosos). Então acho que vou deixar como está, cada coisa ao seu tempo e mudando aos poucos.
Prometo que quando a hora certa vier, Alice terá seu computador antiguinho e herdado bem do ladinho do meu. Eventualmente ganhará acesso a um celular da casa. Um dia poderá ter um computador para chamar de seu. E, quando entender que telefone não é para ficar pendurada por horas de fofoca com as amigas, ganhará um telefone que seja mais do que um pai de santo e que possa também fazer telefonemas. Mas, para isso ela tem uma vida inteira, então por agora deixa a menina quieta com seus lápis de cera, papéis, colas e brinquedinhos de montar (de preferência não ruidosos).

2 comentários:

  1. Ainda, não tenho filhos, mas concordo em gênero, número e grau contigo. Tem hora pra tudo...

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  2. Concordo com você! Tudo tem a sua hora. Não acho válido a criança ter desde muito nova aparelhos de celulares, Iphones, computadores... A tecnologia faz parte do dia-a-dia, não tem como negar, mas é preciso saber dosá-la em relação aos pequenos. Não é difícil ver crianças por aí que passam o dia na frente da tela de um computador ou de uma televisão jogando video game. E culpa disso, acredito eu, são dos pais que desde cedo introduzem isso aos filhos.

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