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domingo, 15 de maio de 2011

Mães perfeitas e filhos perfeitos

Antes de mais nada, deixe-me esclarecer alguns itens importantes para esse post:
1) nada me irrita mais do que mãe perfeita de filho perfeito. Quando alguém me vem com o papo de que nunca dá bronca séria em filho e que só precisa levar um bom papo que o filho SEMPRE entende, me dá vontade de rir, porque, na boa, TODA criança, em algum momento da sua infância, dá um ataque de pirraça aqui e ali. E, aviso logo, se me JURAR que o seu filho NUNCA teve um ataque de pirraça na vida dele, e que você NUNCA ficou no limite da tua paciência, vou te recomendar um bom psiquiatra infantil, porque faz parte do processo de desenvolvimento desafiar a mãe ao limite, mesmo a mãe mais perfeitinha do mundo!
2) Mentira... tem uma coisa que me irrita mais do que o item 1, a mãe que, só para se fazer de super mãe, mente e diz que filho dela NUNCA fez pirraça e que ela NUNCA deu uma boa bronca não tão pedagógica em filho... e que me diz isso quando minha filha está num dia de teste de paciência. Ahhh, essas sim me tiram do sério. E, pessoas, fiquem alertas. Se me pegar dando uma bronca na minha filha, limitem-se a passar calado e de olho baixo, porque se fizer qualquer moção de crítica ou pitaco, toda a paciência que tiver sobrado em mim, vai acabar rapidinho e alvo do meu desacato será, sem dúvida para você!

Dito isso, vou explicar os meus motivos para tanta acidez hoje.

Alice é, em geral, uma criança muito fácil. Ela é obediente, não dá grandes chiliques. Faz uma manha, uma birrinha, mas nada demais. É uma criança inteligente (e que filho não é, né?) e está sempre "testando" o limite do seu piso seguro. Raras vezes uma advertência do tipo "não pule no sofá" basta. Normalmente a advertência incita um "PORQUE?" e gera toda uma conversa sobre como ela pode cair e se machucar e sobre como o fulaninho (qualquer amiguinho que tenha feito tal coisa) pulou no sofá e caiu e machucou a cabeça, o braço, ou seja lá que parte do corpo. Alice não é uma criança que aceita bem o "porque eu mandei", ela realmente quer saber o porque e realmente me obriga a fazer um exercício de não ceder à típica arrogância materna do "porque eu mandei". E acho isso um barato!
Mas, ela tem seus dias. Junto com a inteligência vem uma capacidade ímpar de argumentar, e uma boa parcela de teimosia. E esse final de semana foi um desses.
Antes que me digam que ela podia estar com sono, sede, fome, cansaço, virose ou o que for, deixe-me esclarecer que não havia nenhum desses fatores em jogo, era simplesmente uma virada de lua errada ou algo do gênero.
E então ela tirou o final de semana para teimar e fazer birra como nunca antes na história desse país. Foram 3 espetáculos, dois para público seleto, um com ingresso popular!
Vamos combinar que show em casa é sempre mais fácil. Manda a criança pro "cantinho do pensamento" e deixa lá até se acalmar, depois conversa calmamente, dentro de todos os modelos de todas as supernannies, pedagogos de renome, livros de receita. E, uma hora a paz volta a imperar.
Mas, com show popular a coisa complica. Difícil largar uma criança no cantinho do pensamento no meio de um shopping movimentado, né? E mais difícil ainda é pegar a criança e se enfiar no carro para ir embora, adiando o cantinho para quando chegar em casa... bronca se dá à vista, e não a prazo!
E eis que ela resolveu dar um show no meio do shopping! De início tentei as medidas pedagógicas tradicionais. Me abaixei, falei em tom sério e baixo olhando olho no olho. Ela? Nem tchum. Coloquei sentada numa cadeira que tinha ali e falei que ela deveria ficar ali até se acalmar. Ela? Nem tchum.
Abandonei a receita de bolo e parti para a ameaça. "Se continuar fazendo malcriação, não iremos na livraria hoje". Ela? Nem tchum. "Pare de fazer malcriação ou eu vou ficar MUITO brava com você?" Ela? Nem tchum. "Alice, chega! Estou cansada e não quero mais ouvir um pio!" Ela? Nem tchum.
A essa altura já estou esgotada, já estou de saco cheio de perceber que todos os passantes largam aquele olharzinho clássico para cima de mim. Mas, como opinião alheia não me importa muito, volto ao meu problema.
Pego Alice no colo, ela se debatendo, eu tentando segurar para não deixar ela cair (cena que qualquer mãe que já encarou uma situação similar, sabe que não é uma imagem de anúncio de margarina, né? É feio MESMO!). Levo até o banheiro para lavar o rosto dela e ver se ela se acalma (ou pelo menos sai da vista do grande público). No meio do caminho ela começa a escorregar e quase cai. Coloco ela no chão para tentar pegar no colo de novo. Nisso ela se joga no chão. Eu seguro ela para ela não bater com a cabeça no chão num dos seus doces movimentos de cisne negro. Ela grita que eu machuquei ela (argumento que crianças logo sacam ser infalível, porque toda mãe morre de medo de machucar filho sem querer). Passa um casal, para, me olha com aquele ar que mistura "que horror um filho se jogando no chão, provavelmente é uma daquelas mãe que cria filho mimado, BEM FEITO! Filho meu nunca seria assim" e "Ai que horror pegar a criança com tanta agressividade, não tá vendo que machucou a criança? Vai ver que é daquelas que dá palmada em filho!" Eu percebo o casal parado, me olhando. Olho para eles com o tradicional ar de "não é da tua conta. vamos dispersar porque não há nada para se ver aqui". A moça, provavelmente uma mãe perfeita de filho perfeito (e com uma babá que rende ela sempre que o filho está de mau humor), sacode a cabeça em desaprovação e faz aquele sonzinho nojento de "tsc, tsc".
(Respira, Mariana, você é um ser civilizado e não ficaria bem arrancar os olhos dessa infeliz!!!)
Com a voz seca e calma olho para a mulher e digo: "É anúncio de anticoncepcional, sou patrocinada pela Gynera, tá... agora pode olhar para o outro lado e me deixar em paz, por favor".
É, pessoal, não tem jeito, a mãe do outro nunca é tão perfeita quanto você!

2 comentários:

  1. Mari, vou perguntar de novo, vc passou o final de semana aqui????? Só pode ser isso!!!!!

    Na saída da manicure, depois de tudo isso que vc explicou, peguei no colo, ela se jogou e eu "deixei cair" (na verdade fui eu que coloquei no chão). Nisso vem uma perua, de dentro do salão, me dizer que eu tenho que ser mais paciente com ela. Imagina a fera que eu fiquei!!!!!! hahahahaha

    Beijos

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