BlogBlogs.Com.Br

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A mãe que trabalha

Assim que eu soube que a Alice estava a caminho, decidi parar de trabalhar e virar mãe em tempo integral. O que eu nao sabia é que não trabalhar implicaria em tanto trabalho.
Optei por não ter babá. Não que eu seja contra ter babá, mas para mim seria um complemento, para me ajudar nas horas em que eu precisasse fazer alguma coisa inadiável sem minha filha. Mas, na minha cabeça, a idéia de passar o dia num escritório, deixando minha filha na mão de uma outra pessoa, e vê-la apenas por alguns minutos antes de ir para o escritório e depois que eu voltasse, simplesmente não me agradava. E, ainda que eu entenda que isso é necessário para muitas mães, preferi me apertar um pouco, abrir mão de alguns "luxos" para poder estar com ela todos os dias da vidinha dela, afinal, ela só será esse bebê por pouco tempo!
Mas, com essa decisão descobri uma coisa curiosa, as pessoas que não vivem essa realidade tendem a acreditar que mãe que não tem emprego é mãe que não trabalha.
Já perdi a conta de quantas vezes ouvi comentários como: "Você não trabalha? Puxa, que delícia deve ser não ter obrigações o dia inteiro!"
Também já cansei de ouvir o famoso discurso de que a mãe que não trabalha se torna bitolada e só sabe falar de filho, ou pior, que é uma mulher sem independência financeira!
Pois bem, a verdade é que nunca trabalhei tanto. Trabalho 24h por dia e só descanso em raras ocasiões, quando minha mãe me socorre e fica com a Alice por algumas horas para mim. Trabalho na madrugada, trabalho nos finais de semana. Meu expediente, oficial, começa por volta de 7.30h, as vezes até antes disso, e só termina por volta de 20.30h, ou até depois disso. No resto do tempo estou de plantão, e sou mais solicitada do que obstetra que incentiva de parto normal!
No que diz respeito a ficar "bitolada" e só saber falar de filho, bem... realmente não tenho muito tempo de sobra para ler livros e para me atualizar com todas as notícias mundiais. Aliás, nem faço questão, considero que estou em uma licença sabática! Me informo sobre o que me interessa, leio o que estou com vontade, mas não me sinto na obrigação de ler o jornal do começo ao fim! E, realmente, filho é um assunto recorrente no meu dia-a-dia, AINDA BEM! E, na verdade, se bem lembro, minha colegas de trabalho, nos idos tempos de escritório, também tendiam a falar MUITO sobre seus pimpolhos, mostrando trezentas fotos e ligando para eles o dia inteiro... então, acho que o assunto filho ser predominante é um fenômeno materno!
E, finalmente, ouso dizer que nunca aprendi tanto. Nenhum emprego que eu já tive (e acreditem, já tive os empregos mais variados e sempre gostei do desafio de fazer algo que eu nunca tinha feito antes!) me ensinou tanto. Neste meu novo emprego estou aprendendo sobre nutrição, culinária, enfermagem, pediatria, pedagogia, organização de festas, artes plásticas, música, e tantas outras coisas. Sou obrigada, diariamente, a achar soluções para "problemas" novos e das formas mais criativas possíveis.
Por isso, hoje, quando me perguntam se eu trabalho, já respondo logo: "igual uma louca, trabalho MUITO! Mas, não, não tenho emprego remunerado! A minha remuneração é o sorriso diário da minha filha e a certeza de que ela está recebendo a educação que eu desejo para ela..."
Normalmente isso já basta para o meu interlocutor entender a minha mensagem!

7 comentários:

  1. É um alívio ver que existem mães como você hoje. É o mais belo dos trabalhos, dedicar-se à alguém, e esse alguém sendo tão especial quanto seu filho. Pois é você quem vai ensinar as primeiras palavras e ouvi-las, os primeiros passos...e inumeras coisas impagáveis! Adimiro muito as mães que se dedicam aos filhos,que não pensa como a maioria da sociedade da que se diz moderna, que toda mãe tem que trabalhar fora e filho fica em segundo plano. Pois como você disse ele vai ser neném por pouco tempo, e esse tempo é precioso demais pra se perder! Trabalho sempre teremos, mas momentos como esse...passam e não voltam.

    ResponderExcluir
  2. Valeu Flávia -
    só gostaria que ficasse claro que eu não tenho nada contra as mães que trabalham em escritório ou que colocam a carreira e a profissão num plano de alta importância, acho que cada um sabe o que faz da sua vida e se fizer diferente, não será feliz... a felicidade é o equilíbrio entre o prazer e as obrigações. Uma mãe que tem no trabalho uma fonte de grande satisfação, se largar tudo para ficar com o filho, provavelmente não terá prazer com isso e não será feliz... e aí o projeto fazer o melhor pelo filho acaba indo para o brejo...
    Eu fiz uma opção e para mim não foi tão difícil... na minha cabeça era claro que emprego não passava de uma fonte de renda, mesmo que eu gostasse do que eu fazia... sempre tive o lema de que se trabalhar fosse realmente tão bom assim, pagaríamos para trabalhar e não cobraríamos! Enfim... a vida é feita de escolhar e que cada um faça as suas escolhas de alma limpa e tranquila!

    ResponderExcluir
  3. Parabéns!Mariana eu acho você uma mãe maravilhosa,depois do que li,achei mais ainda.
    beijos Lourdinha

    ResponderExcluir
  4. Parabéns! Admiro muito seu "emprego"... Sei o quanto é dura essa vida de mãe em tempo integral, por isso respeito (e muito) todas as mães que podem optar por fazer isso... Não ligue para as opiniões atravessadas dos outros... De novo: parabéns!

    ResponderExcluir
  5. Pois é...pior é quando os filhos vao crescendo e vc comeca a pensar, é ta na hora de voltar a trabalhar...e coloca na ponta do lapis o q vai ganhar, e o q vai gastar...e o pior, o q vai perder...
    Pq os filhos crescem mas o trabalho continua...só mudam, mas é extramamente importante ter acompanhamento, assim como bebês. E convencer as pessoas disso? Claro, ninguem se convence, e a ideia de "vc nao trabalha" continua...e bem mais forte...

    ResponderExcluir
  6. claro, não discordo do que você disse em relação a mãe que trabalha fora de casa tem seu valor. Eu só defendo a idéia de que toda mãe deveria ter seu tempo de maternidade, por um tempo, que acredito que se depois ela quiser continuar sua carreira profissional não vá atrapalhar.

    ResponderExcluir
  7. Curiosa esta postagem, mas cabe nela um vasto leque de questões...Parabéns por ter a possibilidade de estar em casa a tratar da sua filha, se eu tivesse essa opção, também a escolheria sem esitar, mas o mundo não é perfeito para todos :( Bom fim de semana!!

    ResponderExcluir