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quinta-feira, 14 de março de 2013

Tem dia que a corda estica

Já tinha 3 noites que eu não dormia direito, as crianças acordando direto. Então o sono estava pesado. Daí que fui me abaixar para pegar o naniquinho de 10kg e, pimba, uma dor fortíssima no meu ombro. Mal conseguia mexer o braço esquerdo. A dor era tanta que eu tinha a sensação do braço estar pesando uns 100kg. Mesmo parado, doía. Somou-se a isso o fato do Lucas, por estar acordando muito durante a noite, estar chorão e exigindo muito de mim. Só queria colo o dia inteiro. Mas, como todo bebê de 1 ano, não parava quieto quando vinha para o colo. E o ombro, a cada movimento, parecia queimar. Não deu outra, no meio da tarde o cansaço venceu e eu desabei. O choro subiu fácil. Na hora eu estava na aula de acrobacia da Alice, onde todos me conhecem e, imediatamente, ficaram preocupadíssimos que alguma coisa podia ter acontecido para me ver assim, porque quase sempre sou sorridente e brincalhona. E eu tive que explicar: "não é nada, a corda esticou e quebrou, só isso... faz parte de ser mãe, né?" As pessoas idealizam a maternidade, acham que é tudo lindo e maravilhoso. E, quando alguém ousa reclamar de qualquer coisa, sempre aparece alguém para soltar a infâmia de que "ser mãe é padecer no paraíso"! Ok, vamos por partes nessa daí. Sim, eu AMO ser mãe e não trocaria esse meu "emprego" por nada nesse mundo. AMO meus filhos e ADORO estar com eles sempre. Optei por não trabalhar fora de casa, justo para isso, poder tê-los comigo sempre. Mas, vamos combinar que nem por isso a minha vida é só delícias! Existe o lado B dessa vida! Mãe que não trabalha fora e não tem babá, não tem trégua, não tem férias, não tem final de semana, não tem expediente, não tem pausa. Mãe que não trabalha fora e não tem babá não pode ficar na cama no dia que está com febre e com dor. Mãe que não trabalha fora e não tem babá fica de plantão dia e noite, noite e dia, 24 horas por dia, 7 dias por semana, 12 meses por ano, sempre, sempre, sempre! E isso, acreditem, não é pra qualquer um. Mãe que passa o dia inteiro com filho ouve voz de criança o dia INTEIRO, faz exercício físico o dia inteiro, dificilmente passa um dia sem ouvir um choro, raras vezes passa um dia inteiro sem ouvir pelo menos uma manha, por mais educadinho que seja o filhote. Mãe que não trabalha e não tem babá tem que se programar com 1 ou 2 meses de antecedência, porque um simples imprevisto, como uma ida a uma emergência ortopédica, exige um exercício de "você pode pegar pra mim, dá pra você ficar com ele, será que te atrapalharia?" Mãe que não trabalha fora e não tem babá, na hora que o bicho pega, prefere adiar uma visita à emergência do que deixar o filho em casa com alguém. A mãe que não trabalha fora e não tem babá tem que se virar em 2, 3, ou 4 quando um filho, ou dois, adoecem. Tem que encontrar uma fórmula mágica de ficar com os dois quando choram de noite. Mãe que não trabalha fora e não tem babá, tem dia, e são muitos deles, que chegam ao final do dia cheias de dor de cabeça e nem mesmo um bom remédio resolve, porque os filhos (praticamente todos os exemplares do mundo) não chegam ao mundo com controle de volume, e, pedir para um filho para de chorar é compreensível, mas pedir para uma criança parar de brincar alegremente e em voz bem alta com seu irmão querido que, por sua vez, grita de alegria com tudo que a irmã faz, não é razoável. Então, você que está pensando em viver essa experiência de ser mãe que "não faz nada", que "fica em casa o dia inteiro", pense bem se tem estrutura para isso, e, se decidir que tem, bem, aceite o fato que tem dia que a corda estica e estoura, e, nessa hora, esteja onde estiver, você vai desatar a chorar que nem bezerro desmamado, porque, veja bem, você é humana! Mas, lembre-se que vai passar e que, no final, tudo vale a pena. Na hora que seu filho te der aquele abraço na cama e te disser que te ama, você vai conseguir re-afinar essa corda que esticou...

3 comentários:

  1. É verdade amiga!
    E mãe que trabalha fora e não tem babá também sente o mesmo e a corda de vez em quando estica!
    Mas não tem nada melhor do que ter esses pequetitos na nossa vida.
    Beijo

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  2. Mari, não podia ter lido o seu comentário em momento mais oportuno. Depois dos fatídicos três meses iniciais do recem-nascido, em que o choro é cotidiano, quase que nem chuva em Manaus, que chega todo o dia as 17h, nunca mais tinha tido um momento de desespero supremo, até esse fim de semana. E quando você olha aquele bebê lindo, indefeso, tão amado, doente e que não consegue dormir, só consegue chorar.

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  3. E agora que a tempestade passou, a corda que tinha arrebentado consertou e está prontinha para a próxima. Porque filho é isso aí, cair e levantar, a gente e eles!

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