BlogBlogs.Com.Br

sábado, 3 de novembro de 2012

Parou na Rampa

Eu confesso que sou meio revoltada com essa coisa de falta de acessibilidade no Brasil. E sou chata sobre esse assunto. Chata MESMO! Reclamo, esbravejo, exijo que a acessibilidade seja respeitada em lojas, chamo gerente, reclamo, protesto. Chata.com.br e com muito orgulho, sim senhor!
E já passei essa minha chatice para a Alice.
Moramos próximo à ABBR, e, com isso, Alice está habituada a ver pessoas com todos os tipos de dificuldades de locomoção. São centenas delas entrando e saindo dali o dia inteiro. No início Alice questionava muitas coisas. Porque algumas pessoas não tinham uma perna, ou andavam com botas especiais, ou porque algumas crianças eram carregadas por suas mães, ou não respondiam aos acenos que ela dava para elas. Eu sempre respondi com muita naturalidade, sem rodeios, explicando que nem todo mundo nasce igual, e algumas pessoas nascem com algumas diferenças que precisam de ajuda para poder ir de um lugar para o outro. Explico também que algumas pessoas se machucam e precisam aprender a andar de novo. Todas as perguntas são respondidas, dentro do possível.
Alice tenta entender tudo em seus próprios termos e, como eu, já se preocupa com o bem estar dessas pessoas. Esse processo de compreensão já me premiou com pérolas como "mãe, é um absurdo as pessoas pararem na rampa da calçada, porque as pessoas que só têm joelho não conseguem passear!".
E nesse espírito, num dia de fúria, em que, ao longo do dia, em nenhuma ocasião consegui subir com o carrinho de bebê pelas rampas nas calçadas por conta de carros estacionados na frente delas, decidi fotografar os carros e postar na internet. No momento que fui tirar uma dessas fotos, Alice me questionou sobre o que eu fazia. Eu logo expliquei:
"Filha, a mamãe fica muito brava com essas pessoas mal educadas que param na rampa, sem pensar que tem gente que precisa da rampa para poder passear. Então decidi que vou fotografar para poder mandar a foto para a internet. Quem sabe assim as pessoas começam a pensar sobre esse assunto, e não estacionem mais na frente da rampa, né?"
Ela, empolgada, me sugere: "Mãe, e se a gente fizesse umas plaquinhas no computador, escritas 'por favor, não pare na rampa', e colocasse em todas as rampas que a gente encontrasse?"
Expliquei a ela que era uma idéia maravilhosa, mas que as pessoas eram tão mal educadas que possivelmente pegariam a plaquinha dela e jogariam fora, mas que poderíamos adaptar a idéia dela e fazer bilhetinhos com esse texto para colocar no parabrisa de todos os carros que encontrássemos parados na frente de rampas.
Alice amou a idéia e aderiu. Já estou providenciando os bilhetinhos para que ela possa colaborar com a chatice da mãe dela e, quem sabe, ajudar a fazer o nosso cantinho de mundo um pouquinho melhor...

Um comentário:

  1. Amei Mari! Queria ver a cara desses "pasteis" quando chegarem pra pegar o carro...

    ResponderExcluir